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Conflito entre facções deixa dois mortos e nove feridos na cadeia de Pentecoste

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Um tiroteio entre grupos criminosos rivais na Cadeia Pública de Pentecoste, a 91 quilômetros de Fortaleza, deixou dois mortos e nove feridos na manhã de ontem, 7. O confronto, que ocorreu por volta das 8 horas, quando os detentos tomavam banho de sol, foi interrompido por força da Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) e equipes do município e de cidades vizinhas. A Delegacia de Pentecoste e a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) estão apurando detalhes sobre o fato.

Após o conflito, foi feita uma vistoria na unidade prisional, onde foram encontradas três armas de fogo (entre as quais dois revólveres calibre 38), sete facas e cinco cossocos. No dia anterior, terça-feira, foi feita uma inspeção na unidade prisional, quando foram apreendidos oito aparelhos celulares e uma arma artesanal, porém não foram encontradas armas de fogo. De acordo com as forças policiais, os detentos armazenavam as armas de fogo em um buraco feito em cima da delegacia.

O enfrentamento envolveu as facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE), duas das mais influentes no mundo do crime no Ceará. Além das equipes policiais locais, participaram da operação de intervenção também agentes do Comando Tático Rural (Cotar), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) da PMCE. Segundo a Delegacia Municipal da 3ª Região, as celas foram serradas após o fim do confronto.
A Polícia Militar esclareceu que nenhum dos detentos deixou a cadeia sem vida, dois morreram a caminho do hospital. Além deles, ao menos dois dos detentos feridos se encontravam em situação grave. Alguns dos atingidos foram encaminhados para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) nas proximidades da região, enquanto outros foram levados para receber tratamento em Fortaleza.

Os detentos que sobraram deverão ser transferidos para outras cadeias da região e presídios da Capital, com inquérito aberto para identificar os responsáveis pelos crimes. Pelo menos cinco presos já foram ouvidos pela investigação, que continuará as entrevistas.

Itapajé
A unidade prisional de Pentecoste tem capacidade para abrigar apenas 16 presos, mas contava com 63 internos vivendo na estrutura até o ataque. O caso é semelhante a outro ocorrido há pouco mais de um mês, quando 10 detentos foram mortos em um conflito entre facções na Cadeia Pública de Itapajé, a 125 quilômetros da capital. Assim como em Pentecoste, a unidade em Itapajé contava com uma quantidade de detentos consideravelmente maior do que sua capacidade, contando com apenas um agente penitenciário para controlar 83 presos.

Conforme Cláudio Justa, presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará (Copen), o conflito aconteceu nos moldes do confronto em Itapajé, quando os detentos aproveitaram o momento do banho de sol para iniciar o confronto. Segundo ele, os presos do CV, que representam a maioria na unidade, usaram uma estratégia estilo “cavalo de Troia”, aproveitando-se do elemento surpresa.

À época, o titular da Delegacia Municipal de Itapajé, André Firmino, declarou que a situação da segurança pública na cidade é delicada, com apenas cinco celas sendo dispostas na unidade para abrigar os presos. Ele comentou ainda que falta estrutura no próprio corpo policial: “É um trabalho árduo, cansativo e meticuloso, precisamos de mais investimento em polícia investigativa, tem muito poucos inspetores, pouquíssimos escrivães”.

O caso ocorreu apenas dois dias após o ataque em Cajazeiras, na Capital, quando um grupo invadiu uma festa e deixou 14 mortos no local – sendo considerada a maior chacina da história do Ceará. Segundo Cláudio Justa, o ataque em Itapajé foi uma resposta direta às mortes em Cajazeiras.
No último mês, o Ceará recebeu uma força-tarefa do Governo Federal para atuar junto às forças de segurança pública do Estado, de modo a enfrentar o crime organizado. Foram enviados 36 homens pelo Ministério da Justiça, com 26 deles sendo da Polícia Federal e outros 10 da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP). Os profissionais estão atuando também na área de inteligência para minar a atuação das facções, cujos conflitos têm tido impacto nos indicadores da Segurança Pública no Estado.

Ação
A Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado informou que 25 internos foram transferidos para unidades da Região Metropolitana de Fortaleza ao longo de todo o dia de ontem. Os dois mortos foram identificados como Glaydson Vieira da Silva (arts. 33, 35 e 244) e Nicolas Matheus Soares Marreira (arts. 157 e 288). Dos 11 internos feridos, um passou por procedimento cirúrgico e tem a situação delicada; seis permanecem em atendimento hospitalar; dois já retornaram à unidade prisional.

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