Cerca de duas mil pessoas da Comunidade Santa Fé, no bairro Ancuri, em Fortaleza, participaram de uma manhã de atividades, promovido pela rede de voluntários da Igreja Batista Central (IBC) e pelo Exército Brasileiro. A população teve acesso a atendimento médico, atendimento odontológico, de nutricionistas, além se serviços de beleza e orientação jurídica, com advogados voluntários.
A estudante Camila Maria, 18, aproveitou a ação e fez uma consulta com um clínico geral. “Faz tempo que não vou a um médico para fazer um check up. Para chegarmos a um posto de saúde mais próximo da comunidade, precisamos pegar dois ônibus e isso leva tempo. Acabei me acomodando”, disse a jovem, enquanto aguardava na fila a hora do atendimento. Mais de 200 voluntários estiveram envolvidos em diversas áreas da manhã solidária.
![Foto: Elizabeth Dreher](http://www.oestadoce.com.br/wp-content/uploads/2015/11/1-SUGEST--ES-em-08.11.2015-A----o-SOCIAL-ANCURI-1.jpg)
Caminhada
Antes do início das atividades, os trabalhadores voluntários realizaram uma caminhada, no intuito de chamar toda a comunidade para estar presente na ação. A concentração aconteceu às 7h30, na IBC, e, em seguida, saíram em direção à área onde estavam montadas as tendas de atendimento.
As crianças e jovens da comunidade também puderam usufruir da manhã de lazer. Uma área especial foi montada com pula-pula, brincadeiras de rua, animação com palhaços, pintura, distribuição de algodão doce, futebol, música e até grafite. Um campeonato de futebol infantil também aconteceu paralelamente às atividades. “Eu estou muito feliz com as brincadeiras. Nos finais de semana, eu quase não brinco na rua, porque é perigoso. Mas, hoje, estamos nos divertindo sem medo”, falou o estudante José Wiliam, 12.
“Queremos mostrar que o evangelho de Jesus cuida da alma, do corpo, do meio ambiente e do ambiente onde as pessoas vivem. Nos importamos com a dor daqueles que nada têm e dos que não têm vez nem voz na sociedade. Essa é a razão por qual estamos cravados nessa sociedade e fazemos isso continuamente há 12 anos. Mas, dessa vez, promovemos uma caminhada para conscientizar o povo local que eles têm poder e forças para reagir. Eles Precisam caminhar, reivindicar e não somente aguardar. Eles precisam fazer parte da solução”, disse o pastor Armando Bispo.
Protesto
A ação solidária foi montada em dois pontos estratégicos da comunidade. Uma aconteceu defrente a um posto de saúde inacabado e a outra foi montada no terreno ao lado da quadra de esportes da Escola Municipal Manoelito Guimarães Domingues, também inacabada. “Estamos servindo à comunidade com tudo que deveria estar acontecendo dentro do posto e na quadra de esportes. Oferecemos consultas médica, exames básicos com encaminhamento, também temos setor com assistência jurídica, pois há muita demanda. Aqui, tem gente sem documento, tem pessoas com parente preso e não sabe como agir. Também oferecemos um dia de beleza e diversão que as crianças merecem”, acrescentou o pastor.
De acordo com a assistente social responsável pela ação, Adriana Wanderley, o posto de saúde tem cerca de 20 salas de atendimento, design moderno, amplo, arejado com estacionamento, bem próximo à escola municipal e à creche, porém, ainda, não foi entregue ao povo. “A obra do posto teve início em agosto de 2013 e deveria ter sido entregue em fevereiro de 2014, mas só ficou pronta em agosto de 2015. No entanto, até agora, permanece fechado por falta de equipamentos e profissionais”. Já sobre a quadra de esportes, a assistente social diz que “o prédio da escola foi inaugurado há três anos, e embora seja amplo, iluminado e arejado, conta com muitos problemas estruturais, como, por exemplo, a caixa d’água e encanamentos mal instalados, que terminam por provocar a falta de água. Contudo, o que mais chama a atenção é o fato da obra da quadra de esportes não ter sido finalizada. Hoje, é um local isolado por uma grade, coberto por mato e sem nenhuma previsão de conclusão. As crianças passam o recreio confinadas em um espaço pequeno e não podem aproveitar o local para a prática de esportes”, denunciou Adriana Wanderley.
Outro equipamento público que a população reivindicou mais atenção foi a creche da comunidade, que atende 60 crianças, de zero a seis anos. “Parece esquecida pela Prefeitura, pois a estrutura está precisando de reparos e os alimentos são precários e os funcionários estão há cinco meses sem receber salários”, acrescentou o pastor.
O jornal O Estado entrou em contato com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), para saber o posicionamento sobre a demora na entrega do posto à comunidade. Em nota, respondeu que “o posto de saúde no bairro Ancuri será entregue à população em dezembro”. Já a Secretaria Municipal da Educação (SME), informou, também em nota, que “enviará uma equipe do setor de infraestrutura ao local, para averiguar a situação da quadra da Escola Manoelito Guimarães Rodrigues”.