Oficinas, músicas, rodas de conversa, jogos e filmes. É por meio dessas atrações que o evento Virada Sustentável, procura refletir acerca das práticas sustentáveis em Fortaleza. A programação iniciou na última quarta-feira (20) e seguirá com atividades até domingo (24), buscando valorizar e dar visibilidade a ideias e projetos que promovem a sustentabilidade. O evento, baseado nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU, já contou com edições na cidade de Campinas, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
“Esse projeto é pautado em conteúdo de conhecimento, arte e cultura. A gente entende que são linguagens imprescindíveis para se sensibilizar uma grande quantidade de pessoas”, afirma uma das organizadoras do evento, Magda Maya. A doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente também acrescenta que durante os seminários de conhecimentos e as atividades artísticas e culturais, a sustentabilidade será pautada não somente relacionada ao meio ambiente, mas mostrando sua conexão com o cotidiano dos sujeitos da cidade e do campo, a fim de mudar mentalidade e exigir ações mais efetivas.
“Nossa cidade não está apartada do todo, que é o Planeta Terra. Então, a gente espera que a virada sustentável traga essa ideia, essa noção de uma visão sistêmica, global, entendendo que o bom é ser diverso. Que exista muita diversidade na natureza, nas pessoas, no pensamento”, declara.
Povos indígenas
Durante as rodas de conversa da Virada Cultural, a discussão acerca da relação de sustentabilidade com os povos indígenas também é colocada em pauta. Na manhã de sexta (22), acontecerá o debate sobre “Carta da Terra e Povos Indígenas”, das 10:30 às 12 horas, no Espaço O Povo de Cultura & Arte. Para o cacique Roberto Anacé, “o debate é importante para ver se a sociedade entende [a importância da sustentabilidade]. É o povo que pode tomar o leme desse barco e é o povo que pode decidir por uma nova ordem, não uma minoria”. Para ele, a sustentabilidade precisa funcionar de modo que seja agradável para todas as esferas da sociedade, tanto a urbana, quanto a rural, sem que haja nenhum prejuízo na natureza.
O cacique acredita que se houvesse a união entre governo, universidade e sociedade seria possível pensar em desenvolvimento sustentável com destino e norte favorável à toda humanidade, porém, “se não partir da ancestralidade, se não partir de algo que não seja artificial, toda outra ideia de sustentabilidade não terá êxito”, declara, por fim.
Para Magda, “a sustentabilidade não é algo que deva ser imposto, é uma espécie de amadurecimento, uma evolução, do entendimento de seu papel, da sua capacidade de conviver, de forma harmoniosa, com o planeta terra e com as outras pessoas. Sustentabilidade é muito maior do que somente preservar o meio ambiente, tem a ver com respeitar a diversidade de modo geral”.
Iniciativas públicas
Nos últimos anos, alguns projetos e ações com foco em meio ambiente têm sido realizados em Fortaleza, como o Inventário de Gases do Efeito Estufa, o Plano de Adaptação às mudanças climáticas, assim como os projetos Viva o Parque, Selo Escola Sustentável e Parque Escola.
No entanto, de acordo com Magda, ainda é “infelizmente, um exemplo de cidade que coloca as questões da sustentabilidade em terceiro, quarto, quinto plano. Por isso, o é muito importante, nesse momento, a gente proporcionar ações com as ONGs, com a iniciativa privada e com a sociedade civil”. Para ela, a dificuldade de se alcançar o desenvolvimento sustentável se deve ao próprio modelo que é utilizado, uma vez que “ele é pautado na acumulação de riquezas e na ideia de que ser bem sucedido é ter objetos e coisas materiais e ter uma alta capacidade de consumo e, portanto, de descarte”, finaliza.