A técnica visa a criação de soluções personalizadas para a implementação de estratégias preventivas e tratamentos específicos

Yasmim Rodrigues

O Instituto do Câncer do Ceará (ICC) lançou um novo serviço que promete descobrir a predisposição genética que uma família possa vir a ter para o desenvolvimento de câncer. Conforme informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os diagnósticos associados a fatores genéticos e hereditários correspondem a cerca de 5% a 10% de todos os casos da doença. Quando avaliado somente o câncer de mama, os índices podem chegar a até 15%.

Diante do cenário, desde 2018 os pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular e Genética do ICC estão estudando sobre a associação de mutações em síndromes hereditárias de predisposição ao câncer no Ceará, e sobre o perfil mutacional de pacientes já diagnosticados através do mapeamento genético.

A chamada “ICC Genômica” é uma iniciativa exclusiva do Estado, desenvolvida a partir de avanços da ciência e da tecnologia.

A técnica se baseia na criação de soluções personalizadas relacionadas com a prevenção, possibilitando que seja feita a busca por mutações de alto risco para o desenvolvimento tumoral, e também para a “terapia-alvo”, na qual o médico oncologista solicita exames de mutações específicas para determinar um tratamento personalizado e adequado às necessidades de cada paciente.

De acordo com o Instituto, desse modo, é possível traçar um plano que atue de maneira antecipada sobre a doença, podendo, inclusive, frear o agravamento do quadro ou a necessidade de internações, cirurgias ou terapias mais agressivas.

Além dos médicos, a equipe multidisciplinar envolve biólogos, enfermeiros, biomédicos e biotecnologistas. “É um marco importante para o futuro do aconselhamento genético e tratamento do câncer. Estamos comprometidos em levar o que há de mais avançado em genômica para nossos pacientes, proporcionando-lhes as melhores chances de sucesso terapêutico e uma melhor qualidade de vida”, destaca a geneticista Clarissa Picanço.

Conforme as informações divulgadas pelo ICC, diversos tipos de câncer cujos genes sofrem mutações, como o de mama, intestino, pâncreas, estômago, pulmão, rins e melanoma, já possuem tratamento específico conhecido. Indicando a terapia mais adequada, com base no perfil genético dos tumores, os profissionais afirmam que os efeitos colaterais também são reduzidos.

Dentro do serviço, os pacientes que realizam o mapeamento genético têm acompanhamento integral, recebendo orientações durante todo o processo, desde o diagnóstico até a implementação de estratégias preventivas ou tratamentos específicos. O exame é feito a partir de uma amostra simples, como amostras de saliva ou sangue que, posteriormente, são enviadas para análise em laboratório especializado. Os resultados são confidenciais e ficam disponíveis algumas semanas após a coleta.

Yasmim Rodrigues