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Paris (16 graus) Livrarias na França usam vitrines para combater extrema-direita e despertar consciências

Até a última hora para o primeiro turno das eleições legislativas na França, as pesquisas mais recentes davam uma vitória ao partido da extrema-direita União Nacional, com a possibilidade de obter a maioria absoluta. Zelensky: “Acreditamos que os franceses continuarão a apoiar a Ucrânia” após as eleições. A tão esperada reunião dos quatro grandes vai começar. Bardella está pronto para governar e promete mais lei e ordem na França.Colocando lado a lado livros sobre o nazismo, “a nova internacional fascista” ou biografias de Jordan Bardella, livrarias francesas estão a utilizar as suas vitrines para tentar combater a extrema-direita e despertar consciências, havia horas para as legislativas. “Temos o dever de ser um templo do conhecimento, da curiosidade, do questionamento e do combate”, diz à Lusa Léa, da Librairie des Savoirs, no Quartier Latin, em Paris, que, sem o apoio da gerência da livraria e por iniciativa própria, decidiu organizar a vitrine principal para mostrar a “futilidade de muitos argumentos” da extrema-direita.
Ontem, quem passava na frente do número 21 da Rue des Écoles, no bairro histórico de estudantes de Paris, via assim, lado a lado, uma biografia sobre a “face escondida” do líder da União Nacional (Rassemblement National, em francês), Jordan Bardella, um manual sobre a “arte da resistência” e a “necessidade de desobedecer”, ou livros sobre os franceses que colaboraram com a Alemanha nazi durante a ocupação do país na Segunda Guerra Mundial. “Temos de participar no debate e procurar despertar consciências, mesmo que seja de forma sutil”, diz Léa.Há centenas de livrarias na França que estão a procurar utilizar as suas montras (vitrines em Portugal) e espaços interiores para conter a vaga da extrema-direita que parece estar a assolar todo o país. “À nossa pequena escala, podemos propor outros imaginários que permita m combater a extrema-direita”, defende Julie, da Librairie à la Marge, no bairro de Montreuil, no leste de Paris, que assume que decidiu organizar uma “mostra antifascista”, onde constam bandas desenhadas sobre “a história popular de França”, jogos de tabuleiro sobre o “antifascismo” ou ensaios do escritor britânico George Orwell sobre o nacionalismo. Foi neste clima que encontrei Paris sexta-feira, com as pessoas se preparando para ir às urnas ontem. A apuração não tem a agilidade como no Brasil, mas os primeiros números desenham no horizonte.

As urnas contarão. Encerro a coluna com números claramente favoráveis à direita, na verdade à extrema-direita mas, dizem aqui, o segundo turno, domingo que vem, pesa porque é comum viradas de votos.

Como ficaria Macron
Conforme o resultado, o presidente Emmanuel Macron pode ser obrigado a viver uma tensa “coabitação” com um primeiro-ministro de um partido opositor, ou com uma Câmara sem maioria estável por pelo menos um ano para governar a segunda maior economia da União Europeia (UE) e a principal potência militar do continente.
Os números enganariam?
Pesquisas sugerem que os eleitores darão ao Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, mais de 35% no primeiro turno no domingo, com uma aliança de esquerda ficando atrás com até 29% e os centristas de Macron com menos de 20%.
Curtíssima campanha
Quando o presidente convocou a eleição antecipada, após a derrota nas eleições europeias de 9 de junho pelo RN, Macron esperava apresentar aos eleitores uma escolha clara sobre entregar a França à extrema direita. Mas a rápida campanha, de apenas três semanas, “não iria reverter as tendências principais” no país, disse Brice Teinturier, vice-diretor do instituto de pesquisas Ipsos, ao jornal Le Monde, acrescentando que o “bloco do RN é incrivelmente poderoso”.
Dificuldades
Até mesmo os experientes pesquisadores franceses estavam com dificuldades para traduzir esse nível de apoio em um resultado final, já que os votos do segundo turno, em 7 de julho, podem mostrar eleitores mudando de campo e novas alianças de conveniência podem se formar. Uma participação maior do que o usual também pode transformar a votação.
Votantes interessados
Cerca de dois terços dos eleitores aptos a votar planejam participar, o que seria o maior nível desde 1997. Até sexta-feira (28), o instituto de pesquisa Harris Interactive Toluna prévia de 250 a 305 assentos, de um total de 577, para o RN – colocando uma maioria absoluta da Assembleia ao seu alcance –, enquanto o Ifop-Fiducial sugeria que o partido poderia chegar a 260.

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