Situação também estaria gerando problemas para profissionais que atuam na unidade, uma vez que não estaria sendo possível examinar pacientes de maneira adequada
Por Yasmim Rodrigues
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O Sindicato dos Médicos do Ceará continua denunciando as internações inadequadas que estariam sendo feitas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Canindezinho, em Fortaleza. Desde o início de junho, a entidade tem alertado sobre pacientes que estariam sendo internados na entrada do prédio, em salas de medicação ou outros espaços.
Agora, o Sindicato afirma que um relatório do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (CREMEC), elaborado a partir de uma vistoria realizada no último dia 19 de junho, indicou 12 pacientes internados na área de observação adulto, quatro na sala de medicação adulto e dois na sala vermelha.
Além disso, o documento informou sobre a improvisação de um leito de estabilização na área de observação pediátrica.
“A vistoria constatou todos os relatos que fizemos anteriormente, apontando a urgente necessidade de adequação e garantia do mínimo de conforto aos pacientes internados, assim como condições de trabalho dignas aos profissionais que lá exercem suas atividades”, pontuou o presidente da entidade que representa os médicos cearenses, Dr. Max Ventura.
Anteriormente, o Dr. Ventura já havia detalhado ao Jornal O Estado que a situação gerava riscos como a possibilidade de infecção cruzada por pessoas já debilitadas estarem em um ambiente.
“Pequeno, apertado e de grande circulação de agentes patógenos”. De acordo com ele, alguns dos pacientes que estariam enfrentando tal problema são pessoas com quadros graves, como sepse e disfunção renal, que precisam obrigatoriamente de uma internação hospitalar.
A situação também estaria gerando problemas para os profissionais que atuam na unidade, uma vez que não estaria sendo possível examinar os pacientes de maneira adequada.
“Os médicos estão sendo submetidos a um intenso estresse psicológico, enfrentando dificuldades em oferecer um tratamento digno e necessário, sendo ameaçados constantemente por pacientes e seus familiares”, disse o presidente, acrescentando que o cenário já perdura por muito tempo.
À reportagem, a UPA do Canindezinho negou todas as alegações sobre internações na entrada da unidade, bem como ressaltou que são realizados em média, 400 atendimentos por dia. O relatório do CREMEC, porém, indicou a presença de pessoas acomodadas em cadeiras, amontoadas e sem privacidade ou conforto durante a vistoria no final do mês passado.
“Constatamos um grande número de pacientes internados, além da capacidade instalada, acomodados em péssimas condições. É necessária uma avaliação do sistema de saúde para melhoria da assistência”, diz um trecho da documentação.
O Jornal O Estado procurou novamente a UPA do Canindezinho para comentar sobre os resultados do relatório. Em nota, a unidade garantiu que não havia nenhum paciente internado na sala vermelha, onde ficam os casos mais graves, bem como nenhum com perfil pediátrico.
“A UPA 24h do Canindezinho esclarece que a escala de profissionais está completa e que conta atualmente com médicos pediatras e clínicos gerais que atendem conforme a classificação de risco, do sistema Manchester. Além disso, esse mesmo sistema de classificação de risco busca garantir o atendimento de forma mais segura aos usuários. A unidade também realiza o ‘fast track’, método utilizado para gestão das filas, com o intuito de diminuí-las nas emergências, além de transferência de pacientes para outras unidades, de acordo com o surgimento de novas vagas”, afirmou.