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Na Cisjordânia, soldados e colonos israelenses têm aumentado a violência contra os palestinos, resultando em 200 mortes e mais de 1.000 deslocamentos forçados desde 7 de outubro, conforme dados da Ocha, braço humanitário das Nações Unidas. Após os ataques terroristas do Hamas no sul de Israel, soldados israelenses mataram 191 pessoas na Cisjordânia, incluindo 51 crianças, durante incursões em Jenin e Tulkarem. Além disso, ataques de colonos têm se tornado mais frequentes e violentos, com uma média de 6 por dia desde outubro.
Enquanto Israel justifica sua ofensiva em Gaza pelo combate ao Hamas, na Cisjordânia, onde o Hamas tem presença limitada, a violência persiste. A área C, onde Israel exerce controle total, concentra 450 mil colonos israelenses, responsáveis por muitos ataques. Os colonos, apoiadores do governo de Binyamin Netanyahu, alegam razões religiosas e negam envolvimento nos ataques, mas conta com integrantes fundamentalistas e ultranacionalistas. Após os ataques do Hamas, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, ele próprio residente de um assentamento perto de Hebron, anunciou a distribuição de 10 mil armas para civis.
A impunidade é uma questão crucial, com 93% dos casos de ataques de colonos de 2005 a 2022 terminando sem indiciamento, segundo a ONG israelense Yesh Din. A colonização estratégica da Cisjordânia visa à anexação do território, um objetivo proclamado pelo governo israelense.
Mesmo aliados de Israel, como os EUA e a França, têm aumentado as críticas. O presidente Joe Biden pediu responsabilização dos “colonos extremistas”, enquanto a chancelaria francesa classificou os ataques como “política do terror”. A colonização, vista como um método de opressão racial, recebeu condenação de 26 ONGs palestinas. Enquanto isso, a Embaixada de Israel no Brasil ainda não se pronunciou sobre a situação na Cisjordânia.
Um palestino de 19 anos foi morto a tiros e outros ficaram feridos na ação, que foi descrita por militares israelenses como um “pogrom”, nome dado aos ataques contra judeus no Império Russo entre o final do século 19 e o início do século 20.
Ainda assim, nenhum dos colonos envolvidos nesse ataque a Huwara foi condenado até agora. O vilarejo voltou a ser invadido em pelo menos três ocasiões desde outubro.
De acordo com levantamento da ONG israelense Yesh Din, 93% dos casos de ataques de colonos de 2005 a 2022 acabaram sem indiciamento. Enquanto Israel usa o combate ao Hamas como justificativa para sua ofensiva sobre a Faixa de Gaza, o mesmo não pode ser dito sobre a Cisjordânia. Diferentemente de Gaza, que é governada pelo grupo terrorista desde 2007, a Cisjordânia não tem presença significativa da facção.
O território é parcialmente administrado pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), alinhada ao partido secular Fatah, rival do Hamas. Sob ocupação militar de Israel desde 1967, a Cisjordânia tem cerca de 3 milhões de palestinos. Destes, 300 mil residem na chamada área C, divisão administrativa criada pelos Acordos de Oslo equivalente a 60% do território e onde Israel exerce controle total. O restante do território, dividido em áreas A e B, tem atuação limitada da ANP.