O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, falou nesta segunda-feira, 20, sobre seus planos para melhorar o cenário econômico do país, que atualmente enfrenta uma grave crise com uma inflação anualizada superior a 140%, por exemplo. De acordo com ele, para controlar a inflação serão necessários entre 18 e 24 meses. “Vamos começar primeiro com a reforma do Estado, para colocar as contas públicas em caixa muito rapidamente”, disse.
Durante a campanha, o candidato que representou a oposição nesta eleição afirmou ter um plano definido para enfrentar a crise em um momento em que os índices de pobreza alcançaram os 40%. De acordo com ele, para reduzir a inflação, primeiramente é necessário controlar a questão monetária, o que pode levar até dois anos para ser feito. “A evidência empírica do caso argentino diz que se você cortar hoje a emissão monetária, esse processo leva entre 18 e 24 meses para destruí-la e levá-la aos níveis internacionais mais baixos”, explicou.
Milei assumirá a presidência da Argentina por um período de quatro anos no próximo dia 10 de dezembro e garantiu que “tudo o que puder estar nas mãos do setor privado vai estar nas mãos do setor privado”. Entre as empresas que devem ser privatizadas estão a petrolífera YPF e os veículos de comunicação do Estado. Quando tomar posse, o novo presidente também deverá promover a eliminação do controle cambial, mas antes disso priorizará a resolução da dívida emitida pelo Banco Central.
Sobre tal instituição, o ultradireitista reiterou que será eliminada, pois, segundo ele, “se o problema do Banco Central não for resolvido, a sombra da hiperinflação nos perseguirá o tempo todo”. Para Milei, fechar a entidade é uma questão de “índole moral”. Sobre a polêmica proposta de dolarizar a economia, o vencedor das eleições detalhou que o foco inicialmente será voltado para encerrar o Banco Central e, posteriormente, os argentinos poderão escolher livremente a moeda que desejarem.
Nesse contexto, ele também falou sobre as restrições para compras de moedas estrangeiras, que estão em vigor desde 2019. Durante seu governo, tais medidas não devem continuar, uma vez que o novo chefe de Estado as considera uma “armadilha que trava a economia”. O atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, ligou para Milei para parabenizá-lo pelo resultado das eleições. Os dois deverão ter uma reunião para organizar a transição de governo da forma mais ordenada possível. Antes de assumir o país, Milei deverá viajar aos Estados Unidos e à Israel.
Mercosul
Também ontem, a União Europeia reiterou que continuará trabalhando para finalizar as negociações com o Mercosul até o dia 7 de dezembro, antes da posse do novo presidente argentino. Javier Milei já afirmou que poderia retirar a Argentina do bloco sul-americano, o que poderia afetar de maneira significativa o plano que está em curso.
Mesmo com a realização de reuniões durante o mês de outubro e na última semana, existem dúvidas sobre a postura dos negociadores argentinos diante de uma equipe de transição sendo estabelecida. Entre os principais impasses que estão travando a finalização do acordo, destacam-se as exigências europeias quanto a questões ambientais.