RIO %u2013 Airton de Oliveira Goulart, jovem, bigodudo, bem vestido, bem falante, chegou de férias a Curitiba. Era desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e logo fez um amplo circulo de amizades.
Não havia recepção no Palácio Iguaçu, ou aniversario de autoridade, que o paulista não estivesse lá. E brilhava. Em um mês já conversava sobre o Paraná,o governo do Estado,com a mais absoluta segurança e informação.
O desembargador Goulart ia aposentar-se no Tribunal de São Paulo e estava em Curitiba procurando casa para morar, decidido a fugir da poluição paulista. Um amigo o achou jovem demais para desembargador :
– Você fez uma carreira muito rápida.
– Pois é. Minha família é importante, você sabe como é a Justiça, prestigio, pistolão, subi ligeiro.
O DESEMBARGADOR
Uma noite, estava o desembargador Goulart no hotel, pôsto em sossego, tocou o telefone:
– Desembargador, precisamos ouvi-lo aqui na Universidade. Há muito estamos querendo que o senhor fale para nossos professores e alunos
– Como não? Podem marcar. Irei com muito prazer.
Foi, deu uma aula, metade improviso metade lida, debaixo de palmas. Desembargadores, juizes, promotores, professores, ficaram encantados com a cultura e as luzes do colega paulista. No dia seguinte, a imprensa de Curitiba publicou sua foto na tribuna,falando,o auditório cheio
Um jornal chegou a Araraquara,
A JUSTIÇA
A literatura da justiça é farta como a historia da humanidade. No Império Romano, Cícero, o senador, a definiu como %u201Ca cada um o seu%u201D (%u201Cunicuique suum%u201D). Na França dos reis, Richelieu, o cardeal, denunciava :
– %u201CQuem compra a justiça a grosso pode vende-la a retalho%u201D .
E Napoleão, o imperador, via a Justiça em duas bandas :
– %u201CA Justiça quer dizer força mas também quer dizer virtude%u201D.
Como se não bastassem o governo dia e noite nas manchetes policiais e o Congresso de manhã e de tarde na porta das delegacias, agora ainda vêm a Policia e a Justiça lavando roupa suja em publico.
É a democracia, dirão os otimistas e puristas. Mas não custa nada exercer a democracia com um mínimo de bons modos. Para o povo, a Justiça é a ultima lanterna acesa. Não podemos deixar que ela se apague.
CELIO BORJA
Hoje, no Rio, haverá uma festa da Justiça : os 80 anos de Célio Borja, vice-presidente da UNE (1948), deputado estadual pela UDN da Guanabara (1962), líder e secretario do governo Lacerda, deputado federal da Arena do Rio em 70, 74 e 78, presidente da Câmara Federal no governo Geisel, derrotado para o Senado em 82 por Roberto Saturnino, ministro do Supremo em 86 (governo Sarney) e da Justiça em 92 (governo Collor).
Às 12,30, no restaurante do Jockey Clube Brasileiro (sede central, Av. Antonio Carlos, 501 %u2013 10º andar), haverá almoço de adesão organizado por uma comissão de ministros, politicos, professores, advogados : Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Tarso Genro, Afonso Arinos de Mello Franco, Cezar Brito, Francisco Dornelles, Rafael de Almeida Magalhães, Marcelo Cerqueira, Regina Bilac Pinto, Alfredo Marques Viana e outros.
ESTADO POLICIAL
Deve ser um almoço quente. Em entrevista ao Globo de domingo (a Fernanda Godoy e Lydia Medeiros)Célio Borja avisou não estar sartisfeito:
1. – %u201CEstamos virando um Estado policial. Há excesso de regulamentação da vida privada. E no processo eleitoral. Um jovem que inicia a carreira política nesse regime não vai a lugar algum. Os meios de que se pode valer, os mais modestos, estão impedidos%u201D.
2. %u2013 %u201CQuerem impedir o uso do celular na campanha eleitoral. Qual é o problema da comunicação entre os cidadãos? Isso é cercear a liberdade pessoal. A questão é não ter medo da liberdade%u201D.
3.%u2013 %u201CHá pouca leitura. Os juizes não estão lendo para dar sentença. Por mais ilustrados que sejam. A impressão é que os juizes puseram de parte a ciência do Direito. E vivem mais de uma certa intuição do justo%u201D,
4. %u2013 %u201CFaltam grandes lideranças morais na administração. Quando o chefe passa a mão na cabeça de quem prevaricou está dando sinal verde. %u201CNão sabe%u201D %u201CNão é com ele%u201D. É com ele, sim. Se sou o chefe da administração, tudo é comigo%u201D.
5. %u2013 %u201CÉ preciso homens de Estado e nós não temos. Temos políticos, gente que dá jeitinho nas coisas. Os partidos substituíram os eleitores. E são, na verdade, associações de profissionais. Deveriam ser de cidadãos%u201D.
SARNEY
Toda eleição, a mesma coisa. No Maranhão ou no Amapá, quando chegam as eleições, o senador Sarney, tão democrata nos discursos de ex-presidente, e nos artigos na %u201CFolha%u201D, fica com o diabo no corpo e quer eliminar quem o critica. Em 2006, processou dezenas de jornalistas (mais de 30)que lhe faziam oposição e tentou fechar jornais,rádios,%u201Cblogs%u201D, etc.
Agora, voltou ao mesmo comportamento mussolínico : alem de cobrar uma %u201Cindenização moral%u201D de R$220 mil (!), quer pôr na cadeia o bravo jornalista Lourival Bogea, do %u201CJornal Pequeno%u201D, do Maranhão,
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