O promotor Francisco Cembranelli, responsável pela acusação de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, afirmou ontem que “nada de novo” foi apresentado nos depoimentos das 14 testemunhas convocadas pelos advogados de defesa do casal. “Nada mudou para a acusação”, disse. Os advogados de defesa foram embora sem falar com a imprensa.
Nardoni e Jatobá são acusados de jogar Isabella, 5, filha dele e enteada dela, pela janela do apartamento onde moravam, no edifício London (zona norte de São Paulo). O crime ocorreu em 29 de março.
Cembranelli disse que a defesa procurou “mais uma vez desviar o foco do que interessa para determinadas figuras”, e que “atira-se para todos os lados para ver se acerta em alguma coisa”. Os depoimentos foram, em sua maioria, de pessoas da família de Natália de Souza Domingos, que freqüenta a casa e festas da família Nardoni há alguns anos. Também depuseram corretores de imóveis e prestadores de serviço para o apartamento do casal.
O tom dos depoimentos foi de afirmar que o casal Nardoni e o resto da família tinham uma relação harmoniosa e afetiva entre si e com a menina Isabella. Além disso, a defesa levantou suspeita em torno de um prestador de serviço que teria se negado a trabalhar no apartamento após a morte de Isabella. Ele poderia estar com as chaves do apartamento que, segundo o depoimento de Jatobá, haviam sumido no dia do crime.
Alguns depoentes mencionaram a facilidade de acesso ao edifício London, alegando que o porteiro não pedia identificação e que uma porta lateral de acesso ao prédio para prestadores de serviço ficava constantemente aberta.
» Estratégia de defesa. Cembranelli afirmou que esta foi a mesma estratégia usada anteriormente em relação a um porteiro do prédio. “O porteiro já passou por isso na audiência (…) até mesmo a mãe de Isabella passou por esse constrangimento de ter que responder perguntas sob suspeita”.
Questionado sobre os testemunhos que disseram não ter presenciado brigas do casal, mas apenas “harmonia” e “carinho”, o promotor disse que Jatobá, interrogada em juízo, disse que costumava brigar quase que diariamente no antigo edifício em que moravam cerca de um mês antes da morte de Isabela.
Cembranelli disse ainda que muitos episódios de brigas do casal foram relatados por outras testemunhas. “É um ponto incontroverso. Aqueles que vêm prestar depoimento e tentam mostrar uma outra imagem acabam ficando desmoralizados.”
A intenção dos defensores do casal, segundo o promotor, seria achar a suposta terceira pessoa que teria entrado no apartamento e jogado Isabella. “A verdade é que as testemunhas relataram esse prestador de serviço como uma pessoa normal”, disse. Segundo Cembranelli, o pedreiro trabalhou em outros apartamentos depois da morte da menina. “Ele continuou trabalhando após o fato em outros locais, deixou cartão com as pessoas, foi localizado após o fato”.