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14 julho 2008.
Fortaleza, Ceará, Brasil.

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Nacional

O melhor livro de Paulo Coelho

segunda-feira, 14 de julho 2008

%u201CNuma das madrugadas em que ainda estavam presos no DOI-Codi, deu-se algo que produziria o definitivo rompimento entre os dois (Paulo Coelho e a namorada, na verdade então mulher, Gisa). Com a cabeça coberta por um capuz, ele era levado ao banheiro por um policial quando, ao passar diante de uma cela, ouviu alguém em prantos chamá-lo:


– Paulo, você está aqui? Se é você, fala comigo!


Era Gisa, provavelmente encapuzada, como ele, que reconhecera sua voz. Ela foi ouvida na condição de militante da AP e do PC do B,mas,como Paulo, pouco ou nada tinha a informar além de seu trabalho no movimento estudantil, quando circulara entre várias organizações de esquerda.


Aterrorizado com a possibilidade de voltar a ser colocado nu na %u201Cgeladeira%u201D, a cela fechada em cujo interior a temperatura era mantida baixa, permaneceu em silêncio. A namorada implorava ajuda:


– Paulo, meu amor! Diga que sim. Só isso. Diga que é você que está aqui.


Nada. Ela insistia:


– Por favor, Paulo, diga a eles que não tenho nada a ver com isso%u201D.


Gisa


%u201CNaquele dia, que consideraria o maior gesto de covardia de toda a sua vida, ele não abriu a boca. Um carcereiro apareceu com suas roupas, deu ordens para que se vestisse e cobrisse a cabeça com um capuz. Enfiado no banco de trás de um carro, foi deixado em uma pracinha da Tijuca.


O mais difícil foi procurar Gisa. Quando afinal conseguiu ligar, ao propor um encontro para conversarem sobre o futuro, ouviu de Gisa:


– Não quero voltar a viver com você, não quero que me dirija mais a palavra e prefiro que nunca mais pronuncie meu nome%u201D.


Fernando Morais


Essa história é uma das dezenas, magníficas algumas e devastadoras outras, do melhor livro de Paulo Coelho: – %u201C O Mago%u201D, o novo best-seller do consagrado escritor e imbativel biografo Fernando Morais.


A metade do livro é arrasadora : é a parte verdadeira da vida de Paulo Coelho. A outra metade são as magias, miragens, fantasias e mentiras inventadas por Paulo Coelho e fielmente contadas por Fernando Morais.


Logo de começo o livro revela uma curiosidade musical essencial: o verdadeiro %u201CMaluco Beleza%u201D não era Raul Seixas mas seu parceiro Paulo Coelho, certamente o mais competente publicitário brasileiro, a seu serviço:


– %u201CInconformado com o fato de ainda não ser um autor conhecido e convencido do próprio talento, concluira que seus problemas se resumiam a uma palavra : propaganda… Em longas caminhadas noturnas com o amigo Eduardo Jardim pela praia de Copacabana, (dizia que) só a propaganda poderia salvar as artes e a literatura do armagedom cultural:


– Por isso a propaganda será o principal elemento de meu programa literário. E será administrada por mim. Pela propaganda obrigarei o público a ler e julgar o que escrevo. Terão maior vendagem… Depois, a exemplo de Balzac, escreverei, sob pseudônimo, artigos que me ataquem e defendam%u201D.


Andy Warhol


E ele lendo Malba Tahan, Castañeda, Herman Hesse, Louis Pauwels.


– %u201CO primeiro livro, %u201CArquivos do Inferno%u201D, certamente seria um recordista de prefácios, apresentações e orelhas. O intitulado %u201CPrefácio à Edição Holandesa%u201D era assinado pelo gênio pop Andy Warhol, que jamais chegou a ler o livro (nem escreveu), como Paulo confessaria anos depois%u201D. %u201CConforme está dito na capa, trata-se supostamente de uma co-edição da Shogun (a editora dele) com a holandesa Brouwer Free Press, uma empresa que aparentemente nunca existiu. E 95% do texto foram simplesmente copiados da obra de Henrique Hello, publicada pela Editora Vozes em 1936 e reeditada em 1951, cujo titulo era bastante sugestivo:


– %u201CA verdade Sobre a Inquisição%u201D.


Mangabeira Unger


1. – A melhor coisa dele é o %u201CDiário%u201D, dezenas de cadernos escritos ao longo dos anos e jogados em um baú, aberto por Fernando Morais:


– %u201CMamãe é uma besta. Vive infundindo-me complexos. É uma besta, uma grandessíssima besta. Papai a mesma coisa%u201D.


2. –  %u201CUm flagelo o perseguiria a vida toda : a crítica…Os críticos literários tanto o infernizariam%u201D.


3. – %u201CNo fim do terceiro ano ginasial (no Colégio Santo Inácio, do Rio), o futuro filósofo e ministro Roberto Mangabeira Unger receberia medalhas de primeiro colocado em religião, latim, inglês, história geral, história e geografia do Brasil e segundo lugar em português, ciências e canto orfeônico, enquanto ele passara de ano raspando na trave%u201D.


Compostela


4. – %u201CPaulo achou que ia enfartar de susto ao ler nos jornais que uma antiga paquera sua, a bela Nancy Unger (irmã de Mangabeira Unger e também neta de Otavio Mangabeira) fora baleada e presa em Copacabana ao resistir à prisão a tiros e tinha sido banida do Brasil com mais 69 presos%u201D.


5. – %u201CDurante muitos anos um motorista de taxi chamado Pedro, residente na cidadezinha de Rocanvalles, a meio caminho entre Pamplona e Saint-Jean-Pied-de-Port, contou que o escritor na verdade percorrera os 700  quilômetros (do Caminho de Santiago de Compostela) instalado no banco de trás de seu confortável Citroen equipado com ar-condicionado%u201D.


E foi assim que Paulo Coelho vendeu 100 milhões de exenplares em 455 traduções, publicadas em 66 idiomas e 160 países. Recorde universal.


 

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