E se revogarem as liminares
que soltaram Daniel Dantas?
Essa questão provocada pela prisão de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta está cheia
de “coincidências e contradições”. O agora ministro-presidente do Supremo, Gilmar Mendes,
não é a primeira vez que se envolve com processos de Daniel Dantas. No governo FHC,
ninguém mandava mais do que Nelson Jobim. Que conseguiu a nomeação de Gilmar
Mendes para advogado geral da União.
* * *
Durante o amaldiçoado processo de DOAÇÃO de parte substancial do patrimônio do Brasil,
Daniel Dantas foi incluído entre os beneficiados. Foi a sua REVELAÇÃO COMO POTÊNCIA.
Ganhou o direito de se associar à Petrus (fundo da Petrobras) e à Previ (fundo do Banco do
Brasil), protegido e garantido pelos “gênios da economia” do governo FHC.
* * *
Protegeram, favoreceram e foram favorecidos por Daniel Dantas: André Lara Resende,
Mendonça de Barros (demitido desonrosamente pelo próprio FHC, quando ainda estava no
Senado ouvindo discurso no estilo Pedro Simon) e Pio Borges (presidente da Comissão de
Desestatização), todos donos de fortunas fabulosas. Gilmar Mendes, advogado geral da
União, teve que intervir na questão, “influenciado” por Jobim.
* * *
Logo depois, ainda pelo prestígio e influência de Nelson Jobim, Gilmar Mendes chega ao
Supremo. Agora, alguns anos depois, se encontra “nos autos” com o mesmo Daniel Dantas.
Sem esquecer o passado, subverte a hierarquia judiciária, solta duas vezes Daniel Dantas. O
assunto ganha relevância nacional, a repercussão negativa é completa, o Supremo sempre
foi respeitado, mesmo errando.
* * *
Numa decisão estranha, esdrúxula e inaceitável, o presidente do Supremo vai se encontrar
com o presidente da República numa evidente burla à Constituição. E quem leva com ele? O
protetor, Nelson Jobim. O que fazia ali o ministro da Defesa?
* * *
O Supremo representado por Gilmar, o Executivo pelo presidente Lula, por que o Congresso
ficou de fora? Garibaldi Alves devia estar ali, os dois ministros não representavam coisa
alguma.
* * *
E começa ou continua o rol de incongruências, que palavra. O advogado milionário do cliente
bilionário deveria ter entrado com habeas-corpus para seu cliente não ir depor. Ele mesmo se
fartou de dizer na televisão, “meu cliente não responderá a coisa alguma”. Lógico, não quis
complicar mais a vida de Gilmar. Daniel Dantas estava sabendo de tudo, teve habeas-corpus
pedido pelo mesmo causídico no dia 11 de junho. Antes da explosão e prisão, vazamento?
Ou precaução?
* * *
Mais “coincidência”. O delegado que há 4 anos dirige as investigações é afastado
inesperadamente. O superintendente da Polícia Federal diz que “ele pediu afastamento”. O
delegado nega. Não podia resistir à tentativa de suborno, devia ter aceitado. Os dois
auxiliares que trabalhavam com ele, também afastados e também garantindo que não
pediram para sair.
* * *
Agora, Daniel Dantas e Jobim indicarão os substitutos. Quem pode afastar os três
delegados? O superintendente da Polícia Federal, subordinado ao ministro da Justiça. Que
República.
* * *
Lógico, visível, razoável e compreensível. Gilmar Mendes, sorridente e satisfeito, diz: “Não há
crise entre o Executivo e o Judiciário”. Então, por que foi conversar com o presidente da
República, insultando a Constituição?
* * *
PS – Essa questão Daniel Dantas vai longe. Ele mesmo acha que é por aí. Está com medo da
investigação do suborno do delegado. Que aliás já foi afastado, “golaço de Dantas e do
advogado milionário do cliente bilionário”.
PS 2 – Daniel Dantas só tem uma saída: dizer que não sabia de nada. Que auxiliares
dedicados tentaram “resolver” por conta própria. Esses “auxiliares dedicados” aceitarão ficar
com a culpa, presos e o patrão livre?