Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP), disse ontem que a entidade que usa como nome político – Força Sindical – não mantém convênios com órgãos do governo federal.
“A Força Sindical não tem convênios com o governo federal’’, disse o deputado, que fez sua defesa oral no processo que o investiga por quebra de decoro parlamentar. Paulinho é denunciado de desviar recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social).
O deputado negou ainda que o BNDES tenha colaborado com repasses financeiros para sua campanha eleitoral à Câmara Federal. Mas não soube dizer precisamente quanto gastou na campanha. “Quase R$ 2 milhões. Acho que R$ 1,9 milhão. Muita gente contribuiu. Mas não me lembro os nomes. Mas com certeza não foi o BNDES nem alguma dessa empresas citadas’’, afirmou Paulinho, respondendo às perguntas do relator do caso, deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Durante sua defesa, Paulinho disse ter “relação de amizade’’ com o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), há mais de 20 anos, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. “Minha vida só me permite lutar. Eu sou inocente do que me acusam. Se eu corro, eu perco o que tenho de melhor: a minha dignidade’’, disse Paulinho. “Nunca usei meu mandato irregularmente.’’
O deputado é denunciado de integrar uma quadrilha supostamente formada por empresários, policiais e servidores que desviava recursos do BNDES, que foi desbaratada pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Santa Tereza.
Gravações telefônicas associariam o deputado federal ao esquema de irregularidades. A escuta feita com ordem judicial na Operação Santa Tereza indicou que o consultor João Pedro de Moura, preso em abril, tratou com representantes do Ministério dos Esportes em nome de Paulinho. Na defesa oral, Paulinho negou que João Pedro tenha trabalhado para ele.
No final do mês passado, Paulinho apresentou sua defesa por escrito e rebateu todas as denúncias. Segundo ele, eram improcedentes e baseadas em informações da imprensa. O deputado não mencionou as gravações.
O relator do caso, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), quer ouvir algumas das 17 testemunhas de acusação na ação já a partir desta semana.
O presidente do Conselho de Ética, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), marcou para hoje a continuação do depoimento do deputado Paulo Pereira, o Paulinho da Força Sindical (PDT-SP).
A sessão de ontem foi suspensa em decorrência da ordem do dia da Câmara, quando está prevista a votação da Medida Provisória 429 que trata do setor naval.