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Fortaleza

A degradação dos poderes

A grande maioria do povo brasileiro, em atitude de autêntica revolta, repudia de forma veemente a degradação dos Poderes da República, que se esforçam para demonstrar sua total falta de credibilidade. Aliás, não é sem razão esse posicionamento da nação. Basta um simples exame para se vislumbrar a triste atuação do Congresso Nacional, em constante desentendimento com o Planalto, este responsável pela incompetência e desgoverno em que está envolvido, sem se falar num Judiciário marcado, ultimamente, por questionamentos éticos e indícios de corrupção.

De modo que, neste cenário, a nação indefesa assiste ao País mergulhar em uma crise jamais vista, porquanto composta de todos os indicadores: político, econômico e moral.

O reflexo deste quadro dantesco tem repercussão direta no ambiente de violência em que se encontra envolvido o País, com a predominância das drogas e da criminalidade. Hoje vivemos em uma guerra contínua, onde os “meliantes” se apresentam como vencedores das batalhas do dia a dia, e o Estado, fragilizado, não demonstra força capaz de dominar a situação, dando sinais de incompetência no enfrentamento das suas deficiências, resultando na falta total de segurança em que nos encontramos. O medo se apodera de todos, e não há em quem se confiar.

Sem esperança, fica o desânimo reinante, o que me faz lembrar do saudoso poeta Luiz Bezerra, que, no estilo de Patativa do Assaré, tecendo sagaz crítica aos políticos, assim manifestou-se: “[…] Em vez de votarmos neles, nesse bando de ‘enrrolão’, nós vamos dar é ‘cotoco’, ‘cotoco’ bem malcriado, ‘cotoco’ desaforado, que é dado com as duas mãos! […]” Vê-se, assim, demonstrada a revolta do poeta, que é de todos os brasileiros.

Com efeito, o famoso jornalista Cláudio Humberto, em sua coluna editada no Jornal O Estado, registrou o seguinte desabafo de Getúlio:
“A poucos dias de “deixar a vida para entrar na História”, Getúlio Vargas desabafou com o seu ministro da Viação, José Américo de Almeida:
– Impossível governar este País. Os homens de verdadeiro espírito público vão escasseando cada vez mais…
– E o que o senhor acha dos homens de seu governo?
– A metade não é capaz de nada, e a outra metade é capaz de tudo…”
Imagine o que não diria Getúlio Vargas se ainda hoje fosse vivo e presenciasse a falta de compromisso e espírito público que atinge todos os segmentos da República.

José G. Monteiro
Advogado

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