Mais de um mês após a tragédia no município de Mariana, em Minas Gerais, ainda sobram muitas dúvidas e indignações e poucas respostas, além de muitas cobranças por parte da sociedade. Uma dessas cobranças, agora, veio da Organização das Nações Unidas (ONU).
O braço do órgão responsável por tratar de direitos humanos e acesso à água segura e ao saneamento básico disse que o governo brasileiro tem obrigação, de acordo com a Lei Internacional dos Direitos Humanos, de intervir a favor da população afetada pelo rompimento das barragens de rejeitos.
O ONU veio ao Brasil e avaliou algumas análises da água e dos sedimentos que, segundo estudo, revelaram elementos tóxicos acima dos níveis aceitáveis no Rio Doce. Diante desse quadro, o órgão pediu que o governo brasileiro garanta aos atingidos acessos ao recurso e à informação.
Em primeiro lugar, é preciso garantir às pessoas a boa qualidade da água distribuída pelos sistemas de abastecimento, já que a tragédia gerou desconfiança quanto aos riscos em usar o recurso. Em segundo lugar, sugeriu a ONU, faz-se necessário fazer chegar às vítimas informações consistentes e adequadas sobre a segurança da água, por parte das diferentes autoridades. Aos governos, cabe fortalecer o monitoramento da água bruta e tratada, aperfeiçoar o tratamento de água e divulgar informação clara à população para proteger assim seus direitos humanos à água segura e ao saneamento.
Moradores relatam que a distribuição de água potável está sendo feita de maneira demorada e desorganizada, em uma grave infração aos direitos dos atingidos. Todavia, o mais importante falta ainda ser esclarecido: quando a vida de centenas de famílias poderá ser normalizada? Quando poderão retornar para suas casas e dar continuidade às suas vidas brutalmente interrompidas por um rio de lama que as apartou de seu sustento, bens e raízes?
Editorial