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Até quando vai esse apoio?

O assunto de todas as rodas é um só: o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que teve sua largada dada na quarta-feira, 2 de dezembro de 2015. Os governistas falam em golpe, e a presidenta da República faz embate com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que responde a processo no Conselho de Ética da Câmara Federal por quebra de decoro além de ter escondido ter contas bancárias, na Suíça, que são vistas como fruto de corrupção na Petrobras. O Governo acha que poderá evitar a efetiva abertura de processo se acelerar a tramitação com a manutenção dos trabalhos legislativos durante os meses de dezembro e janeiro, período de tradicional desmobilização da sociedade brasileira.

O impeachment está na estrutura constitucional brasileira, é legal e legítimo – foi pedido pelos petistas contra o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso há 16 anos. Hoje, os petistas dizem que é um exagero impechar(sic) Dilma por conta de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Em 1999, os tucanos também achavam um exagero e acusavam os petistas de golpistas por quererem impechar FHC por conta da execução do Proer, que salvou alguns bancos. Naquela época, os petistas diziam que FHC aplicou um estelionato eleitoral ao fazer o oposto do que prometeu aos brasileiros na campanha de 1998. Naquele ano, ele derrotou Lula, em primeiro turno, com 53,6% dos votos. Hoje, os tucanos também falam em estelionato eleitoral.

Mal foi dada a largada, a maioria dos governadores nordestinos decidiu dar apoio a presidenta Dilma por conta da decisão de Eduardo Cunha, muito mal visto pelo Brasil, como um todo. Só o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, não assinou o documento, pois decidiu aguardar uma posição nacional de seu PSB. A crise econômica é real, não adianta querer negar isso. Nos anos de ouro da Era Lula, o Brasil crescia, e o Nordeste, não raro, avançava o dobro da média nacional. Na semana passada, para surpresa do chamado mercado e Governo, foi revelado pelo IBGE que o recuo econômico no terceiro trimestre foi de 1,7% do PIB. Na Bahia, que vem a ser a maior economia do Nordeste e que fez o seu ajuste fiscal antes do Governo Federal, recebeu investimentos em vários setores, especialmente em energia eólica, assim como Pernambuco, – houve um recuo de 1,9% do PIB.

Setores econômicos temem que depois de se avançar levando 20 milhões de pessoas para a chamada classe média, poderemos fechar 2015 com uma média entre 2 e 3 milhões de pessoas voltando às classes D e E. As dificuldades de 2016, tomados pelo processo de impeachment, tendem a empurrar a crise para 2017. O desemprego deve chegar a mais de dois dígitos logo no final do primeiro trimestre de 2016, seus efeitos estarão mais flagrantes.

Há quem diga que, se Dilma sobreviver ao impeachment, ela teria condições de retomar o processo, calejada pelos anticorpos políticos. Muitos duvidam, inclusive gente próxima do Governo. A roda vai girar, vamos ver, mas uma pergunta bem próxima ao Nordeste surge forte. Por quanto tempo a maioria da classe política nordestina vai dar apoio à presidenta Dilma?!
Boa semana para todos.

Genésio Araújo Júnior
Jornalista

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