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22 julho 2008.
Fortaleza, Ceará, Brasil.

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Opinião

Bateu o Catolé

terça-feira, 22 de julho 2008

Na minha opinião, o título acima não é adequado para abordar problemas de Trânsito. Mas como pretendo, apenas, marcar o aniversário do CTB, em setembro próximo, o episódio justifica e serve de alerta.

A expressão “Bateu o Catolé” é usada, popularmente, para indicar o falecimento de alguém. Equivale a “bateu as botas”, “esticou as canelas”, ou “Vestiu um palitó de madeira”. Também vale o “Mor – reu!”, da TV.

E “Catolé” é “uma espécie de palmeira silvestre, de cuja amêndoa se extrai óleo para o prato e para luzes; fruto dessa árvore”. (Caldas Aulete)

O Michaelis é mais completo: Catulé: “1. Palmeira silvestre do Brasil, de cuja amêndoa se extrai óleo (Rhapis Pyramidata). 2. Fruto dessa árvore. 3. Espique palmáceo (Analea oleifera). 4. Espoleta de arma de fogo que não explode. Var. catolé. Quebrar catulé: negar fogo”.

Também tem aquela cidade da Paraíba, de nome “Catolé do Rocha”, por sinal, segundo rumores, era parente próximo, do Iraci, ou José Iraci do Rocha, nosso herói.

Iraci sempre foi respeitado na região, brasileiro, solteiro, contador (egresso da Fênix Caixeral), 44 anos de uma vida despreocupada, era um homem de negócios.

Arregimentava mão de obra para os trabalhos de emergência do IFOCS (dizia-se, na época: Isto Faz O Ceará Secar). E, dentre as mulheres, não era de se botar fora.

Era ele festejado nas frentes de trabalho, criadas para construções de açudes, estradas e outras obras emergenciais, em época de seca. Os peões trabalhavam no pesado e o Iraci faturava no mole. Mas eles gostavam e o respeitavam.

Para movimentar-se com rapidez, comprou uma moto de segunda mão, uma possante Indian vermelha. Era linda! Rápida e ágil, levantava densa cortina de poeira nas estradas de terra batida, cortadas em alta velocidade.

Não havia qualquer aparelho de ar alveolar (apelidados, hoje, sofisticadamente, de bafômetro). Nem Radar, para coibir o excesso de velocidade, usual no caso do Iraci, nem fiscalização. Nem, sequer, capacete existia.

– “Então, tudo o mais vá pro inferno”, – costumava dizer o Iraci.

Certa vez, vinha ele para a Coletoria, fim da tarde de uma sexta, depois de umas “biritas” no boteco da estrada. Ao dobrar a esquina, surgiu o guarda, escondido por trás de uma árvore. Iraci: parou, pois estava de bom humor.

– “Cidadão, boa tarde. Os documentos por favor” – disse o Guarda.

Carteira de Habilitação nunca teve, mas dirigia, irresponsavelmente, inclusive, na capital. Sequer, trazia os documentos da moto. Então, pegou a carteira do CRC e a entregou (coincidentemente, havia dentro dela uma cédula de “50 paus”).

O guarda percebeu, fechou o semblante e, rispidamente, disse:

– “O senhor está querendo me comprar!?”

Sem se perturbar, Iraci retrucou:

– “Ué! Comprar? Pra que qui eu ia querer um guarda lá em casa”?

E, pegando a carteira, arremeteu com a Indian. (por coincidência, a cédula caiu e se o guarda a pegou ou não, são outros 50 mil réis).

De infração em infração, o Iraci preencheu sua quota e, ao invadir a preferencial em alta velocidade, numa sexta, à tardinha, bateu de frente em um Ford carregado de areia. Areia para uma de suas construções.

Então, “os povo disseram”: Chega, Negada, o Iraci Bateu o Catolé.

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