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Brasil: campeão de juros altos

Temos assistido, nos últimos anos, a uma ferrenha disputa entre PT e PSDB pela paternidade de diversas conquistas alcançadas pelo Brasil, como: de quem é a autoria do Bolsa Família? Quem mais tirou pobres da linha da miséria? Quem mais contribuiu com a estabilidade da moeda? Sem entrar no mérito destas polêmicas, num ponto os governos dos dois partidos dividem o protagonismo, ambos detêm o “mérito” de colocarem o Brasil na posição de “campeão mundial em juros altos”.

O Brasil é o país que mais gasta com juros no mundo. Tanto os juros incidentes sobre os títulos da dívida pública (a taxa Selic, de 14,25%) como os juros pagos pela sociedade em geral nas operações de crédito, que são, de longe, os mais altos do mundo. Segundo o Banco Central, usar o cheque especial está custando 263% ao ano. Se você escolheu o crédito rotativo do cartão, vai pagar a quantia de 410% ao ano. Isso só pode ser um pacto com diabo!

Por isso não é de estranhar que o setor financeiro apresente lucros tão elevados, num momento em que a economia brasileira está estagnada, revela-se que há um descolamento do setor financeiro em relação ao ciclo produtivo do país. O lucro líquido dos bancos no primeiro trimestre de 2015 (lucro somado das maiores instituições financeiro em ativos totais – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, CEF e Santander) alcançou R$ 18,7 bilhões, alta de 24,8% em doze meses. Por outro lado, a taxa de comprometimento da renda familiar com o pagamento de dívidas subiu de 19,3%, em março de 2005, para 47,5% em julho último.

A justificativa que tem sido dada para a manutenção das maiores taxas de juros do planeta é o “combate à inflação”. Os juros altos serviriam para esfriar a demanda, o que reduziria a margem de manobra da indústria e do comércio de aumentarem seus preços. Só que, no caso do Brasil, absolutamente esse diagnóstico não se aplica. Mesmo porque a retração econômica e da renda que nos atinge há dois anos não justifica desestímulo à demanda. O tipo de inflação que temos no Brasil decorre da oligopolização da economia, da indexação de boa parte dos preços, dos aumentos cíclicos de alimentos, da cultura da inércia inflacionária, do preço abusivo das tarifas etc.

Mas o fator mais decisivo é o gasto público excessivo, que força o governo a tomar muito dinheiro emprestado no mercado, aumentando a procura por dinheiro e, por consequência, tornando a taxa de juros elevada. Contudo, se os argumentos pela farra dos juros altos estiverem certos, só poderemos contar com a retomada do crescimento e do emprego em 2017 ou 2018. Isso não é uma perspectiva nada boa para a maioria das famílias brasileiras, com exceção talvez das que irão desfrutar dos R$ 90 bilhões adicionais da conta total de R$ 450 bilhões pagos sobre os títulos do Tesouro.

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