Embora muitos não acreditassem na deflagração do impeachment, os passos iniciais foram dados na última terça-feira, com a composição de Comissão Especial que se incumbirá de analisar o pedido, nos termos do procedimento regimental, embora sejam muitos os que não acreditam num desfecho que alcance o mandato da atual titular do Planalto.
Para quem já vivenciou instantes assemelhados, dirigindo o Congresso Nacional, não tem o direito de duvidar da complexidade de drástica deliberação, sempre em meio a uma tensão imprevisível, que terá o acompanhamento da própria nação, através de seus segmentos mais conscientizados e atentos ao deslinde da magna questão.
Há vinte e três anos, coube ao Sr. Pedro Collor, irmão do titular do Executivo, deflagrar o provável questionamento, iniciando-se, no âmbito da Câmara, incumbida de autorizar o Senado a dar curso à instauração da medida, sob a expectativa da Associação Brasileira de Imprensa e a Ordem dos Advogados, as quais patrocinaram o trâmite, sob acompanhamento de milhares de populares, postados em frente ao Congresso Nacional.
A renúncia, formalizada pelo então Primeiro Magistrado, facilitou o andamento do feito, de que participou o presidente do Supremo, ministro Sidney Sanches, conforme estabelecia a Carta Cidadã, em seu artigo 86, quando foi a ela inserido dispositivo originário de lei retrógrada, ainda do ano de 1950.
Embora renunciante, através de Carta lida pelo advogado Moura Rocha, o atual senador Fernando Collor viu-se alcançado pelo drástico instrumento legal, amargando pena impeditiva de oito anos, espelhada no afastamento, por igual período, de qualquer atividade político-partidária.
Para muitos observadores atentos, sobretudo lideranças qualificadas do Partido dos Trabalhadores, a começar pelo ex-presidente Lula da Silva, na atual conjuntura, Dilma Rousseff não será alcançada pela punição, resguardando-se-lhe o mandato, conquistado na última competição democrática.
A mobilização das correntes que se antagonizam na presente conjuntura oferece relativa tranquilidade à ocupante do Palácio da Alvorada, sempre convicta de que o Legislativo não iria impor-lhe algo que confrontaria com a vontade das urnas, expressada na eleição passada. Como o futuro a Deus pertence, espera-se que se salvem todos neste contexto de imprevisíveis vaticínios.
Mauro Benevides
Jornalista e Presidiu O Cn