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Fidelidade esperada

Este grande Brasil completou 126 anos de instalação da república. Nesse tempo, não foram poucos os movimentos que procuraram dar justificativas à adoção de tipos de governo. Não há como se fugir que, em todas as épocas, registraram-se desacertos e desesperanças por abomináveis comportamentos de responsáveis pelos cuidados à nação.

O tempo passou, e as páginas viraram. Inócuas, a não ser para registros históricos, portanto, suas relembranças. Esperava-se que, com essas recordações, a sociedade brasileira se tivesse livrado de peculiaridades não afeitas à confiança do povo nos quadros dominantes. Esperou-se, mas não ocorreu. Aí é que se inicia o atual desencanto.

Como se admitir, em razão da confiança depositada nos dirigentes políticos e administrativos, que alguns tenham agido de forma a se locupletar, apoderando-se do que não lhes pertence? Com a mais expressiva atitude covarde, os ímprobos não cuidaram de dar a proteção exigida aos bens confiados ao seu desempenho, mas somente para serem administrados. Nunca houve concessão, através de sufrágio, para passarem ao seu patrimônio, que constitui o ativo de uma nação.

Qual poderia ter sido o sentimento do povo em constatando que outorgados seus, mais do que desleixo na administração que lhe fora atribuída, surrupiaram bens de seu domínio, em alguns casos, irrecuperáveis? Muito mais do que lesado na preservação confiada, o povo se sente atingido na sua mais expressiva dignidade. Mesmo que se cogitasse que, numa população de duzentos milhões de pessoas, haja desonestidade de toda ordem, o incontestável é que, bom ou mal, o povo é o dono dos bens furtados. Não há como embaçar essa institucionalização.

Agindo dessa forma condenável, seus autores não só demonstraram ter afinidade com comportamentos próprios de “bandos”, que se motivam à pilhagem, como inaptidão ao exercício de funções nascidas na democracia. Mais confortáveis estariam esses agentes em facções que, “estatutariamente”, nascem para delinquir e não para servir à sociedade institucionalizada. Erraram no intento, causando verdadeiro vilipendio à confiança política do eleitor brasileiro. Qual futuro reserva-se a uma população infantojuvenil, ultimamente, vivenciando essa situação caótica, “presenteada” aos brasileiros? Então, atenção!

Antônio Caminha
Advogado

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