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Formação prática de professores

Uma das principais críticas à formação acadêmica do professor brasileiro é quanto ao seu caráter excessivamente teórico e conceitual. Além da segurança sobre o conteúdo da matéria, o professor precisa ter liderança, domínio da turma, habilidades para transmitir o conhecimento e tornar suas aulas atraentes. Isso só se consegue com prática na sala de aula.

Nos países de melhores índices educacionais, como a Finlândia, a formação do professor começa por atrair os melhores cérebros da universidade. É dos cursos mais disputados. Muitos querem exercer a profissão – vocacionados para o ensino e estimulados com as melhores remunerações e o prestígio social. Antes de se formar, eles passam a dar aulas, acompanhados por um professor monitor, como forma de estágio. Mesmo formados, eles são professores assistentes, até terem condições de assumir a turma.

Muitos especialistas já apontaram essa distorção nas universidades, mas ainda nada se fez de concreto para mudar o currículo da Pedagogia e licenciaturas. A atividade prática não chega a 10% de sua formação, indicando que não damos atenção ao profissional de ensino. Os da saúde, por exemplo, não iniciam a profissão sem antes passar por residência hospitalar.

Estamos voltando ao assunto devido a uma boa notícia que nos chega de São Paulo. Por determinação do Conselho Estadual de Educação, as universidades estaduais paulistas – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – estão reformulando os currículos para aumentar a carga horária destinada a atividades práticas.

O ministro Aloizio Mercadante e o secretário da Educação de São Paulo, Herman Vorrwald, declararam à Folha (28 de novembro) que os estudantes de pedagogia e licenciatura “se formam sem saber ensinar, pois tiveram excesso de teoria”. O economista Cláudio Moura de Castro, especialista em educação, diz que estamos precisando de uma pedagogia “feijão com arroz”. Que forme o professor habilitado a ensinar sua disciplina.

São poucas as experiências dos cursos que incluem a prática no currículo. A Universidade Estadual Vale do Acaraú é um dos poucos exemplos. A ocasião fez o método. A UVA havia se lançado ao desafio de formar os professores leigos cearenses. Aqueles que já estavam lecionando, mas sem a devida formação acadêmica.

Os cursos, formatados especialmente para esse público, aproveitavam a experiência de quem já estava na sala de aula com os conteúdos acadêmicos. Essa troca de conhecimento entre os alunos professores serviu para aperfeiçoar a metodologia do curso, rico por equilibrar a apreensão da teoria com bastante prática de ensino. O professor é o principal instrumento educacional, e sua formação deve passar por reformulação, como agora acontece em São Paulo. Afinal, é grande o desafio. Como lembra Castro, “nossos alunos têm um nível médio de compreensão de leitura equivalente ao de europeus com quatro anos a menos de escolaridade”.

Professor Teodoro – Dep. Estadual

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