Muitas e múltiplas tem sido as teses para se definir sobre a verdadeira dimensão do “abismo social” em nosso Brasil. Os dados estatísticos apresentados pela ONU – Organização das Nações Unidas, se comparados aos dados coletados por nossas autoridades governamentais, há uma profunda discrepância, contudo, há uma uniformidade na afirmativa de que o “abismo social” existente em nosso país demonstra claramente que os ricos continuam mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
A grande verdade é que duas realidades aviltantes existem e ferem a dignidade humana: “uma mesa farta e uma boca amarga sem ter o que comer”, um inadmissível contexto social brasileiro, que pontua, aproximadamente, 58 milhões de brasileiros. Algumas conquistas foram comprovadas, contudo, as desigualdades sociais ainda predominam em nossa sociedade a exigirem das autoridades governamentais programas e políticas sociais mais consistentes e menos eleitoreiras. Para o economista Márcio Pockmann, da Unicamp, o problema dessas desigualdades acentua-se, fortemente, já que o mundo globalizado exige uma educação voltada para um ensino tecnológico contínuo, inovando-se a cada momento, adequado à modernidade do mercado atual.
Para o mesmo economista, “o Brasil enfrenta problemas quantitativos e qualitativos nesse setor vital de crescimento econômico sustentável e inclusão social para qualquer Nação. Numa síntese: falta escola para enfrentar o desafio da formação e capacitação tecnológica do brasileiro para essa nova realidade contemporânea. O mundo está muito à frente do Brasil em termos de inclusão tecnológica e inovação. As empresas elevam o PIB do país de forma significativa, algo que não acontece no Brasil. Elas agregam valor científico e tecnológico, são mais competitivas, garantem uma sobrevivência na economia e mercados globalizados, enquanto, oferecem oportunidades de trabalho para expressivo contingente populacional.
Dados pontuados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ensino fundamental, a questão é de qualidade. O Brasil atingiu a universalidade do atendimento, mas, no ensino médio, atingimos tão somente 35% dos matriculados. Na China, essa taxa é de 85%, na Argentina 75%, enquanto, no Brasil, 50% dos jovens na faixa de 15 a 24 anos (…18 milhões de pessoas), que inclui o ensino médio e superior não estudam. Oportuno ressaltar-se que “educação tecnologicamente contemporânea” não significa apenas escolas com computadores, crianças e jovens navegando na internet, ilhas digitais, comunidades virtuais de aprendizagem e coisas semelhantes. A grande equação é definir o perfil de uma escola que relaciona tecnologia e melhoria de vida.
A verdadeira revolução na educação brasileira passa, certamente, pelo ensino fundamental e médio, com a existência efetiva de atividades curriculares relacionadas com a vida concreta das pessoas e com a aplicação de tecnologias voltadas para a melhoria de qualidade de vida dos estudantes, de suas famílias e da comunidade em que convivem. Não importa aonde estejam: comunidades rurais, pescadores, agricultores, periferias urbanas, bolsões de miséria nos grandes centros urbanos, bairros de classe média. Em síntese : a capacitação tecnológica de uma população só alcançará resultados positivos, se direcionada como objeto de uma política pública bem estruturada e pontuada por uma política estritamente educacional. Para o deputado federal – Ariosto Holanda: “nosso desafio não é alcançar qualquer tipo de desenvolvimento.
Não almejamos apenas crescimento econômico, mas, o desenvolvimento com inclusão social, o crescimento econômico com inclusão social objetivando resgatar a dívida social o Brasil”.