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Lulo-petismo e o cínico discurso do golpismo

Há um discurso sofista e cínico que perambula nas mídias e que se alteia como se carregasse em si o dogma da verdade. É o discurso que acoima de golpistas os que se posicionam a favor da saída da presidente Dilma e do PT do poder. Dizer que o instituto do impeachment (impedimento) configura golpe é afirmativa de ignorância por desconhecer que o dispositivo está exposto no art. 85 da Lex Magna, dita Constituição Cidadã, em que se lista os crimes de responsabilidade e os atos do presidente da República que atentem contra a nossa Carta Maior.

Só as mentalidades obtusas ou aqueles que, por ingenuidade ou má-fé não atentam para os descalabros que estão colocando o Brasil no rol das republiquetas mais atrasadas no cenário da política e da economia internacional, insistem no discurso bolivariano e guevarianamente saudosista de que cassar governos ruins, incompetentes e corruptos é golpe. O povo elege seus representantes para bem governar; não para infelicitá-lo em razão do mau gerencimento dos bens públicos ou da deslavada corrupção institucionalizada.

Quem golpeia de morte os valores da democracia é quem destrói pela corrupção a mais importante estatal do Brasil; quem golpeia de morte a democracia é quem vilipendia o sistema de representação partidária plural e democrático quando alcança as culminâncias da direção partidária e faz disso escudo para o roubo e para o saque dos dinheiros públicos; quem golpeia a história da esquerda democrática no Brasil e no mundo é quem usa o poder para negociatas imorais e, mesmo preso por condenação imposta pela mais alta Corte de Justiça do País, continua a exercer atividade criminosa, igualmente o mais abjeto flibusteiro. Pior, porque, no caso de mensalões e petrolões, o objeto do roubo é o dinheiro público.
Quem tem complacência com notórios hereges da política que agem à moda de bandidos contumazes não pode ser considerado apto para a governança do Estado. Esta não pede a ética do afeto, de que nos fala Max Weber, ora manifestada em piegas saudosismo ideológico.

A hora presente, de plena gravidade, pede a ética da responsabilidade em atenção às esperanças do povo brasileiro, posto que, apesar da situação de desmoronamento moral e econômico em que aventureiros travestidos de defensores do povo colocaram a nação, os homens de boa vontade jamais desistirão do Brasil, consoante o brado do governador Eduardo Campos, líder do socialismo democrático, cuja vida foi ceifada só Deus sabe por quais desígnios. Só estrábicos políticos e dinossauros ideológicos não conseguem ver que o lulo-petismo tem contribuído decisivamente para desmoralização dos ideais da esquerda democrática no Brasil e no mundo.

Barros  Alves
Jornalista

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