Diariamente é noticiada uma tragédia envolvendo policiais militares: e isto nacionalmente. Quero dizer: não é exclusiva de nenhum Estado a morte de inocentes praticada por policiais. Em confronto com marginais, crianças, jovens e adolescentes, homens e mulheres têm sido vítimas de balas saídas de armas de quem, por dever de ofício, existe para defender a segurança e a integridade dos brasileiros.
A revolta, nestes casos , acompanhada de assombro e indignação, toma conta de todos nós, justamente pelos agentes neles envolvidos e deles responsáveis. Custa-nos acreditar que balas assassinas partam de armas compradas com o dinheiro da Nação, manejadas pelas mãos dos que, pagos pelo Estado, estão entre nós para a nossa guarda e proteção.
Muitas pessoas, testemunhas desses fatos, indignadas e revoltadas, voltam-se contra viaturas e prédios e policiais, como forma de “vingança” coletiva, deixando, atrás de si, também mortos.
A dor coletiva chega à Imprensa e há veemente cobrança: que tipo de polícia temos? Aqui reside a grande reflexão: que tipo de polícia temos no Brasil? Como se dá o preparo desses homens que, armados, são postos nas ruas para garantir a tranqüilidade coletiva, enfrentando bandidos e marginais organizados, quase sempre, em quadrilhas numerosas e fortemente armadas, a tudo dispostas para alcançar os seus objetivos: os bens, a propriedade, a vida dos cidadãos? Aos bandidos pouco se lhes importam as pessoas que se encontram no meio do combate ou como obstáculos de suas pretensões. No confronto – policiais e bandidos – inocentes são ceifados. Também, no afã de cumprir com seus deveres, policiais atingem pessoas absolutamente alheias ao que se passa no “campo de batalhas” ou seja, no cara-a-cara com os marginais.
Que tipo de formação recebem os policiais? Como são acompanhados e assistidos psicologicamente no seu cotidiano? São eles preparados para o trabalho de campo? São jovens – também imaturos para as funções – medrosos, assustados, angustiados, desesperados? Ou são policiais militares calejados, acostumados às lutas de campo, conscientes de seu papel e do perigo a que estão expostos?
Precisamos saber como são feitas a seleção, o adestramento e o acompanhamento dos policiais militares designados para tarefas de rua, onde o desconhecido é o seu alvo e as surpresas e o inesperado, o seu destino.
Jogar pedras – de ordem moral – nos policiais, não me parece justo: urge conhecer como são preparados, tratados, acompanhados por suas corporações.
Algo precisa ser dito para que não vejamos o policial militar como um marginal de farda… um assassino pago pelo Estado para dizimar inocentes: velhos, crianças, jovens, mulheres e homens, em nome da segurança.