É triste, mas estamos na era do “a qualquer custo”. O ser humano vem mostrando a sua imensa capacidade de se aperfeiçoar, de estudar, de se informatizar, de se especializar, de alcançar grandes conquistas e feitos, para ficar cada vez pior enquanto ser humano. No esporte, que deveria servir para congraçar e unir povos e culturas, onde o ser humano deveria procurar treinar para levar seu corpo ao máximo de sua capacidade e desempenho, o atleta resolve se dopar e seus treinadores, ligas e federações, resolvem, “a qualquer custo”, dar um jeitinho para que vençam e ganhem títulos e medalhas. “O importante é competir” perdeu o significado e espaço, pois o que importa é o competir e vencer.
Nas instituições de ensino, há muito o objetivo deixou de ser o ensinar e o aprender. E nesse ensino mercantilista, a meta é receber o dinheiro do aluno para que este obtenha o seu título e diploma “a qualquer custo”, para, a partir dali, entrar no mercado e ganhar dinheiro. Amor pelo ensinar, desejo em aprender e vocação se transformaram em palavras utilizadas nos dicionários de poucos.
No mercado de trabalho, a meta é obter dinheiro “a qualquer custo”, burlando regras, ludibriando consumidores, em que o importante é somente vender, e, para o consumidor, basta apenas poder comprar, mesmo que não precise de nada do que lhe é oferecido.
Na política, tudo vale na luta pelo poder, que deve ser obtido e mantido “a qualquer custo”, com conchavos, roubalheiras, alianças espúrias, jogos de interesses escusos, corrupção. O poder é a meta e nessa seara, ética, decência e honradez não cabem. Os escândalos de corrupção no cenário político nacional, os tristes episódios do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, passando pelo Poder Judiciário, dentre outras instituições, em diversas esferas, nos mostram isso.
E assim vamos vivendo, “a qualquer custo”, de qualquer jeito, pois o que importa é se dar bem, mesmo que para isso precisemos pisar no pescoço do melhor amigo, reduzir o inimigo a pó, matar crianças de fome pela falta de merenda escolar, matar adolescentes envolvidos com as drogas e a criminalidade, destruir os doentes pela falta de hospitais, aniquilar os cidadãos pela descrença em um país melhor.
Até quando suportaremos essa aniquiladora e embrutecedora cultura do “a qualquer custo”? A cada um de nós caberá quebrar um pouco dessa cultura, não deixando como herança maldita para as futuras gerações.
Quem sabe um dia…
Grecianny Cordeiro
P. de Justiça