Nós, petroleiros e petroleiras, estamos em greve. E nossa sacrificante pauta tem um legítimo propósito: barrar o processo de privatização em curso na companhia e garantir os direitos já conquistados pelos trabalhadores. Por isso precisamos do apoio de toda a sociedade.
Para que a companhia continue sendo a indutora do desenvolvimento nacional, é preciso que ela mude o seu Plano de Negócios e cancele os desinvestimentos e vendas de ativos previstas para o País. Ela também tem que preservar a política de conteúdo nacional, com construção de navios e plataformas no Brasil e garantir que as riquezas do pré-sal sejam usadas em benefício do povo brasileiro, na saúde e na educação.
O condenável esquema de corrupção, envolvendo ex-diretores e ex-gerentes, não pode servir de pretexto para privatizar uma empresa, cujos investimentos gerados respondiam, até há bem pouco tempo, por 13% do PIB. O movimento sindical petroleiro sempre denunciou e combateu os corruptos, que, segundo confissões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, atuavam há pelo menos duas décadas na Petrobras, sem que nada fosse feito.
Os trabalhadores jamais compactuaram com isso e não admitem que o povo brasileiro seja agora penalizado por medidas inaceitáveis, como o corte de mais de R$ 500 bilhões em investimentos estratégicos da estatal e a privatização de subsidiárias e de unidades. A Federação Única dos Petroleiros e seus sindicatos vêm, desde junho, tentando discutir com a Petrobras e com o governo alternativas para que a empresa continue cumprindo o seu papel de indutora do desenvolvimento nacional. Segundo estudos do Ministério da Fazenda, para cada R$ 1 bilhão que a Petrobras deixa de investir no país, o efeito sobre o PIB é de R$ 2,5 bilhões.
Se os cortes continuarem, a estimativa é de que 20 milhões de empregos deixarão de ser gerados até 2019. Por isso, os petroleiros aprovaram que a luta principal da categoria é a retomada dos investimentos da Petrobras, a manutenção dos empregos, a defesa das conquistas que o País garantiu nos últimos anos e a garantia de condições seguras de trabalho. Essa é uma pauta pelo Brasil e o eixo central da greve. As necessidades inadiáveis da população serão garantidas pelos petroleiros ao longo de toda a greve. Nossa luta é a favor da sociedade brasileira, pois o que queremos é que a Petrobras, empresa que detém algumas das maiores reservas de petróleo do planeta, volte a ser a locomotiva do desenvolvimento nacional. Nossa greve, portanto, é em defesa do Brasil!