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Fortaleza

Prefeito José Sarto diz que a omissão do poder público acentuou a violência

Prefeito na corrida pela reeleição, José Sarto fala em entrevista ao O Estado, sobre promessas de campanha, segurança, rompantes políticos, Ciro Gomes e outros temas

Por Gabriela de Palhano e Kelly Hekally

Quinto entrevistado da Série Eleições 2024, o prefeito José Sarto (PDT) atravessa um árduo caminho em busca de sua reeleição e não romper com a cultura de Fortaleza, que desde 1997 dá uma nova oportunidade a seus prefeitos.

O gestor quer evitar que seus adversários da extrema-direita, Capitão Wagner (União Brasil), André Fernandes (PL) e Eduardo Girão (Novo), avancem e está de olho numa eventual aproximação de Evandro Leitão nos índices dos próximos levantamentos. Ainda pré-candidato, Evandro deve ir às urnas com o peso triplo do PT: presidente Lula, ministro Camilo Santana e governador Elmano de Freitas, os dois últimos, atualmente, adversários políticos locais de Sarto.

Prefeito com as mentes de Roberto Cláudio (PDT), seu antecessor, e Ciro Gomes (PDT), seu amigo pessoal, por ora, nos bastidores de sua pré-campanha, Sarto defende que sua gestão soube cristalizar as bases deixadas nas gestões anteriores de seu partido e que melhorias, segundo o pedetista, percebidas nas ruas não chegaram antes à população em razão da pandemia, que dizimou “a economia”.

Repaginado nas redes sociais e durante entregas da Prefeitura, o gestor conversou com as jornalistas Gabriela de Palhano e Kelly Hekally sobre promessas para saúde, educação e segurança pública e investimentos na Cidade, ao passo em que se defendeu de críticas de adversários e de como seu partido está internamente, entre outros pontos.

É possível encontrar esta entrevista, assim como as anteriores, também nas nossas edições física e digital e pelo nosso canal Youtube.

Prefeito José Sarto (PDT) defende suas ações e sinaliza que quer continuar na gestão para dar sequência a projetos em andamento / Fotos: Dalila Lima / O Estado

O ESTADO | O que sua candidatura à reeleição representa para a Cidade?
JOSÉ SARTO | Representa que a mudança que nós estamos implantando em Fortaleza não pode parar. Essa mudança na vida da Cidade, na vida das pessoas não deve voltar atrás. Fortaleza é hoje a cidade com a maior economia do Nordeste. Na vida das pessoas, Fortaleza é hoje a melhor qualidade de educação pública do Brasil. Não era assim há 12 anos. Então, a mudança que já começou e que a gente precisa continuar com ela.

O. E. – Prefeito, o ritmo das inaugurações das últimas semanas vai continuar?
J.S. – A agenda de entregas vai continuar. Nós temos um compromisso assumido na campanha, onde por exemplo eu me comprometi a construir 50 creches, Centros de Educação Infantil, que na verdade são super creches, e vou entregar 56. Escolas em tempo integral, areninhas, posto de saúde vamos entregar 24 novos postos. O que significa isso? O Roberto Cláudio, que foi um excelente gestor, em 8 anos construiu 22 postos de saúde. Eu vou entregar em 4 [anos] 24. Isso significa que hoje a gente vai dar uma população de 300 mil pessoas/mês, que significa cinco Castelões lotados de gente que agora não precisa mais se deslocar para ser atendidos. Vão ser atendidos no bairro e pertinho de sua casa.

O. E. – O senhor tem uma estimativa de que os problemas relatados na qualidade do atendimento de saúde serão resolvidos?
J. S. – Já está acontecendo. Entregamos até hoje dez postos de saúde. É uma população que vai ser atendida no bairro. Sei que têm muitos desafios, mas a gente já avançou bastante. A saúde, por exemplo, estamos fazendo pela primeira vez entrega de remédio em casa. Nós estamos fazendo telemedicina, eu estou ampliando postos de saúde, que a gente chama de atenção básica, são 24 novos postos que eu vou entregar. Nós estamos realizando uma série de concursos públicos. Fizemos um concurso com mais de duas mil vagas na saúde, do médico ao técnico, auxiliar de enfermagem. Então, essas mudanças estão começando a serem sentidas aqui. Quem visitou um posto de saúde nosso, viu que está climatizado, igual a um consultório de uma clínica privada. Lá, a senha é toda informatizada. Sabemos que há muitos desafios na saúde. Eu sou da área, sou médico, trabalhei a vida toda no serviço público, mas a gente já avançou bastante.

Prefeito tem Roberto Cláudio (PDT) em sua campanha

O.E. – Porque tantas entregas ficaram para o fim desta gestão?
J. S. – Porque, quem lembra bem, em 2021 e 2022, eu assumi a Prefeitura em plena pandemia, que não apenas ceifou vidas queridas, mas destruiu a economia, e eu tive que botar a casa em ordem. Tive que primeiro combater a pandemia e paralelamente botar a casa em ordem para que a gente pudesse planejar. A gente está entregando exatamente agora porque a despesa pública, o investimento público, precisa que você faça um projeto, um orçamento, uma licitação e uma execução. Não é simples. Não acontece da noite para o dia. Por exemplo: os postos de saúde e as escolas de tempo integral, uma escola dessa a gente investe R$16,5 milhões, por unidade. Para isso, a gente tem que arranjar o terreno, fazer o projeto, licitar e depois executar. Então, essa mudança, essa construção, não acontece com o estalar dos dedos. Acontece com muito planejamento, que a gente fez em Fortaleza na pandemia garantindo que ninguém morresse por falta de atendimento, um passado bem recente. Foram dois anos de pandemia, e agora a gente passou paralelamente fazendo planejamento e agora estamos fazendo uma enorme quantidade de entregar que vai continuar.

O. E. – Segurança pública não é bem da alçada da Prefeitura. O que ainda pode ser feito?
J. S. – A central está próxima de ser concluída e vamos ampliar o efetivo da Guarda Municipal. Vamos capacitar, treinar e armar a Guarda, mas não é para combater facção. A missão de combater facção criminosa é do Governo do Estado. [O reforço da Guarda Municipal] é para proteger o cidadão […] Nós temos o videomonitoramento. Fortaleza vai passar a ter sete mil câmeras de videomonitoramento, que são interligadas com a Guarda Municipal, a fiscalização do trânsito e a Polícia Militar, para dar mais segurança. Será a capital por habitante que terá mais videomonitoramento. A gente está construindo a central do grupo de operações especiais, criando vagas de inspetores e subinspetores da Guarda Municipal, que é uma demanda da categoria. Já fizemos tudo na área de preventivo, mas a ideia agora é dotar a Guarda de uma capacidade armada de defender a população.

O. E. – Essas ações que o senhor está fazendo de investir na segurança pública não poderiam ter sido realizadas anteriormente? O senhor não poderia ter trazido reforço sem um cenário em que fosse necessário de fato?
J. S. | A violência agudizou de uma forma nesse um ano e pouco para cá assustadora. Veja os dados do Mapa da Violência que colocam o Ceará como um dos estados mais violentos do Brasil. O que nós esperávamos que a nossa política preventiva – nós temos a maior política de jovens, de investimento na juventude, política educacional – é que se traduzisse em uma maior segurança. Lamentavelmente, pela omissão do poder público, federal e estadual, a violência agudizou de uma forma que, agora, estamos fazendo tudo isso, mas precisamos capacitar, treinar e armar a Guarda Municipal. Então, tudo está acontecendo no Brasil todo. Aqui no Ceará, vejam o que aconteceu recentemente. Lamentavelmente, nós temos tido esses episódios de violência, que demandam do poder público municipal. Vou utilizar aqui uma frase de Churchill, ‘Em tempos excepcionais, medidas excepcionais’.

O. E | Prefeito, a Taxa do Lixo é uma crítica dos seus adversários e da população, que sente a Cidade um pouco suja. Vai dar tempo de reverter esse cenário?
J. S. | A Taxa do Lixo é uma obrigação que o Congresso Nacional colocou para todas as prefeituras do Brasil. Só três não cobram. O que nós fizemos aqui foi colocar um grande percentual de pessoas que são isentas, 70%. E os 30% que pagam a gente está revertendo em trabalho diretamente para catadores e fortalecendo a política de gestão de resíduos sólidos, porque a lei determina claramente que você tem que dizer como vai custear. Só três capitais brasileiras não cobram a Taxa do Lixo. São Paulo, que tem um orçamento imenso, que custeia pelo Tesouro do Município de São Paulo, e, veja, mesmo com a Taxa do Lixo do Tesouro seu (de Fortaleza) praticamente o dobro do que a gente arrecada com a Taxa do Lixo. Então é uma obrigação legal. Quem descumprir está descumprindo uma legislação federal que obriga, e em caso de descumprimento você incide na Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF] e vai ser penalizado.

O. E. | A gente pode ver uma melhora na limpeza na Cidade ainda nesta gestão?
J. S | Nós tivemos aqui um grande programa que a gente lançou, o Fortaleza Limpa, onde nós estamos cadastrando todos os condomínios e mandando caminhões que vão fazer a coleta e conversar com a população dizendo o que é que é reciclável. Porque todo aquele produto que é reciclado se torna economia. Vira dinheiro pra quem é catador, quem trabalha com esses descartáveis. E nós estamos fazendo um grande mutirão que está envolvendo cerca de dez mil pessoas. São caminhões novos que vão a coleta em residenciais. São agentes de meio ambiente que estão no porta a porta orientando as pessoas. São programas como lixeiras subterrâneas, ecopontos que a gente está distribuindo por toda Cidade para torná-la mais limpa.

O. E. | Essa pauta é impopular. Não deveria ter sido implementada com diálogo mais aberto e antes com a população?
J. S. | Nós passamos um ano com uma assessoria de fora discutindo toda essa política de manuseio de resíduos sólidos. Discutimos e avaliamos. E realmente, efetivamente, quem é que gosta de cobrar taxa? É uma função que ninguém gosta de fazer, mas é uma obrigação legal. A lei de Marco Zero determina no artigo 35 que a gente tem que definir como é que vai fazer a gestão desse resíduo solo, sob pena de deixar a Cidade suja, a saúde pública comprometida, com a proliferação de hospedeiros de doença, ratos, baratas. Fortaleza hoje tem quase três milhões de habitantes. É uma cidade enorme. Então, o que a gente fez foi cumprir o que diz a determinação da lei federal e estabelecer parâmetros de isenção. Não há uma capital brasileira que tenha a margem de isenção que nós fizemos aqui em Fortaleza. Isentamos 70% da população.

O. E. | Um de seus opositores falou, em entrevista ao O Estado, de um dos contratos com a MSM Ambiental, que teria substituído o consórcio anterior, mas seriam as mesmas empresas, e de um ano para o outro o contrato aumentou em R$50 milhões. Isso foi razoável?
J. S. | Toda a nossa operação pública é feita baseada em critérios do sistema de leis. Temos licitação. Em 3 anos e seis meses de gestão, não há uma denúncia sequer de malversação do dinheiro público. Então, obedeceu-se todo o pré-requisito legal de uma forma transparente, pública. E na nossa gestão não houve, não há e nem haverá denúncia de desvio do dinheiro público.

O. E. | Seus adversários dizem que existe uma “Fortaleza da 13 de Maio para cá e uma Fortaleza da 13 de Maio para lá”. O senhor concorda?
J. S. | O que eu estou fazendo em Fortaleza é uma verdadeira mudança. É juntar Fortaleza. O que nós estamos fazendo por exemplo na Barra do Ceará, caminhando por toda a orla para cá é fazer a Zona Oeste Fortaleza igual à Zona Leste. A Beira Mar de Todos nós tivemos investimento de R$120 milhões. Eu vou investir do Pirambu à Barra do Ceará R$400 milhões, requalificando a orla. Veja a Barra do Ceará, a Ponte do Rio Ceará, a avenida Beira Rio, toda essa orla que vem desde a avenida Beira Rio até o Poço da Draga, Praia de Iracema, Beira Mar de Todos. Nós estamos fazendo uma verdadeira mudança na qualidade de vida das pessoas, tornando Fortaleza uma Fortaleza só. Esse passivo de desigualdade é um passivo histórico que a Cidade tem, e a nossa missão é reduzir essa desigualdade.

O.E. | Estamos vendo o senhor gravando no ponto de ônibus, andando de bicicleta, passando bilhete único. É uma tentativa de se aproximar do cidadão?
J.S. | Não. Não é uma tentativa de me aproximar não. É como eu sou. Sou oriundo da periferia da Cidade. Filho da escola pública. Andei de transporte público até eu me formar médico. Eu morava na Barra do Ceará, inclusive hoje, entregando o Terminal José de Alencar, me vieram várias lembranças. Quando eu era estudante, eu saía da Barra do Ceará, vinha para a José de Alencar, e estudava em um curso de inglês na [rua] Floriano Peixoto. Eu conheço a periferia. Eu vivi na periferia […] Minha vida foi assim. Fiz universidade pública, me formei médico, voltei para trabalhar como médico na periferia toda no Sistema Único de Saúde.

O.E. | O senhor está sucedendo o ex-prefeito Roberto Cláudio, mas é mais calado, reservado, sisudo. Os vídeos parecem mostrar que o senhor está tentando reverter essa imagem…
J. S. | Cada um tem um perfil. O perfil do Roberto [Cláudio] é extremamente extrovertido e brincalhão. Eu prefiro estar ligado às redes de educação, saúde, mobilidade do que estar ligado às redes sociais. Tenho muito tempo para gastar com energia, planejar e fazer. O meu perfil é mais esse, de realizar, planejar, executar. E cada um com a sua maneira de ser. E eu acho que uma não exclui a outra. A nossa gestão, por exemplo, é a que fez de Fortaleza a maior economia do Nordeste. Claro, o Roberto deixou bases fantásticas para que a gente pudesse alavancar a economia de Fortaleza, mas precisa ter competência para fazer. Hoje, somos a melhor educação do Brasil. Não era assim há 12 anos. Eu acho que o que o pessoal quer mesmo é evidentemente resultado. Escola boa para o seu filho, posto de saúde para o médico, remédio, andar em uma rua que seja iluminada, que tenha segurança. Que quando chove não alaga. Estou por exemplo resolvendo o problema na [avenida] Heráclito Graça.

O.E. | O problema é histórico… O que está faltando para resolver isso, prefeito?
J. S. | Planejamento, o que nós fizemos. Por exemplo: a Heráclito Graça não terá mais alagamento. Fizemos agora um reservatório subterrâneo que vai acolher 14mil m³ de água. Então, parece simples, mas é a primeira vez que o Ceará tem uma obra dessa qualidade. É um reservatório que fica no subterrâneo, e quando chover recolhe a água e distribui para o [Riacho] Pajeú. Planejamento. Planejamento é entregar, como nós entregamos, 300 km de ruas com piso intertravado, saneadas e drenadas. Nessas ruas, no Caça e Pesca, Ancuri, Canindezinho, Aracapé, Jangurussu, não têm mais problema de alagamento. Pode chover.

O. E. | Fortaleza é destaque nacional na educação. Isso é também por conta do pacto federativo, da contribuição do Estado e federal. Tem ajudado?
J. S. | Se assim o fora, Fortaleza estava há 12 anos como a penúltima cidade das 184 do Ceará em qualidade de educação. Fortaleza, em 2012, tinha 53.8% das suas crianças alfabetizadas no tempo certo. Hoje, depois de 12 anos da gestão do PDT, nós temos 93.9% das crianças alfabetizadas na idade certa. Somos a primeira capital do Brasil. Isso tudo se deve a um trabalho muito grande, a uma dedicação da equipe dos profissionais da educação […] Hoje, as nossas creches, os Centros de Educação Infantil têm berçário para crianças de seis meses, salas de inovação. Qualquer uma das nossas creches ou super creches estão muito mais e melhor preparadas que a iniciativa privada. A educação de Fortaleza hoje é a melhor do Brasil por uma determinação da gestão, com compromisso dos professores e professoras, trabalhadores da educação que fazem com que hoje a gente tenha.

O. E. | Qual é o nome do seu vice? Élcio Batista, seu vice-prefeito, vai continuar?
J. S. | Eu estou gastando toda a minha energia e todo meu tempo agora para conversar com as pessoas, ouvir as pessoas. Por exemplo: nós estamos fazendo uma prefeitura que vai aos bairros, a prefeitura chegando junto. O vice será objeto de um debate com toda a base de partidos que fazem e defendem esse projeto de cidade que está dando certo em Fortaleza, que já mudou, está mudando e precisa continuar mudando. Então, a gente vai fazer um debate quando começarem as convenções partidárias. Vamos conversar com toda base.

O. E. | Mas vai sair do PSDB, não é? Élcio no PSDB, a vereadora Cláudia Gomes já teve seu nome levantado…
J. S. | O PSDB é um partido importantíssimo, parceiro de primeira hora. Quero registrar aqui a figura do senador Tasso Jereissati, que é um estadista. Tasso é uma figura de importância nacional. Élcio é o presidente do partido em nível estadual, Tasso é a grande liderança. O PSDB é um dos maiores partidos que compõem a base de partidos que fazem a nossa sustentação.

O. E. | Depois de tantos desgastes nos últimos anos, é muito importante para a Prefeitura e o PDT ter um partido com quem possam contar, confiar…
J. S. | O PSDB, aqui no Ceará, tem um histórico de defender a democracia. O projeto de mudanças no Ceará começou com o senador Tasso Jereissati e continuou com Ciro, Lúcio Alcântara, Cid, Camilo e está dando um retrocesso agora.

O. E. | Na semana retrasada, Ciro sinalizou que não estaria na campanha. O senhor disse que ele estaria em um momento em que fosse próprio. Diante dos desgastes em torno do nome de Ciro nos últimos anos, se trata de uma decisão do próprio PDT não tê-lo nos holofotes, e sim no bastidor, como estrategista?
J. S. | O Ciro, quando ele respondeu a pergunta disse ‘Em princípio, não’. O Ciro é um gênio incompreendido da política brasileira. Todos os adversários do Ciro reconhecem a genialidade, a formação, o caráter. O Ciro é um cara que não tem nenhuma acusação de qualquer coisa sobre seu passado. É sem sombra de dúvidas uma das inteligências mais brilhantes deste país. Quando ele colocou, eu compreendo muito bem. O Ciro junto com o Tasso foram os dois mentores dessa grande mudança que fez o Ceará estar colocado no mapa mundial. Hoje, o Ceará é visto nacionalmente e internacionalmente. E, agora, quando ele percebe toda uma volta ao passado, de práticas que ele lutou tanto para serem abolidas, como coação, coerção, perseguição…

O. E. | O senhor se refere a quem quando fala isso?
J. S. | Me refiro ao atual governo. O atual governo, ele não faz uma obra se a pessoa não disser que apoia o governo. Não é assim que se faz política. E compreendo que o Ciro esteja muito desapontado com o que está acontecendo no Ceará. E é lamentável que isso esteja acontecendo.

O. E. | Fortaleza é destaque nacional na educação. Isso é também por conta do pacto federativo, da contribuição do Estado e federal. Tem ajudado?
J. S. | Se assim o fora, Fortaleza estava há 12 anos como a penúltima cidade das 184 do Ceará em qualidade de educação. Fortaleza, em 2012, tinha 53.8% das suas crianças alfabetizadas no tempo certo. Hoje, depois de 12 anos da gestão do PDT, nós temos 93.9% das crianças alfabetizadas na idade certa. Somos a primeira capital do Brasil. Isso tudo se deve a um trabalho muito grande, a uma dedicação da equipe dos profissionais da educação. Hoje, as nossas creches têm berçário para crianças de seis meses, temos salas de inovação. Qualquer uma das nossas creches ou super creches estão muito mais e melhor preparadas do que a iniciativa privada. Então, a educação de Fortaleza é a melhor do Brasil por uma determinação da gestão com compromisso dos professores e professoras trabalhadores da educação. Fortaleza hoje na questão dos salários dos professores é a capital que melhor remunera no Brasil. Temos muitos avanços a conquistar, mas Fortaleza tem uma rede fantástica de professores e professoras, diretores, diretoras, gestores, gestoras. Têm programas como incentivo ao mestrado e ao doutorado, a fazer professor sem fronteiras, que vai para o Exterior observar práticas pedagógicas lá fora.

O. E. | O que aconteceu com o PDT. Prefeituras saíram do PDT e foram para outros partidos. A Câmara dos Deputados, já antes, perdia muito assento. O partido foi perdendo muito capital político, até em Fortaleza. Nas próprias bancadas daqui. O que aconteceu?
J. S. | Não se perde o que não se tem. A gente só perde quando tem. Na verdade, está no PDT quem defende a bandeira do PDT. Quem está hoje é quem verdadeiramente defende e concorda com o projeto de PDT, que é uma educação de qualidade para o Brasil, Ceará e Fortaleza, e é natural que esses movimentos aconteçam, mas ficou quem é PDT.

O. E. | Havia, internamente, no partido, esse cálculo de perdas? J. S. | Havia. Claro, claro.

O. E. | E como o partido lidou com isso?
J. S. | Olha… Isso é da vida política. Tem gente que prefere o atalho, o caminho mais curto. O processo político é um processo pedagógico, e a pedagogia requer tempo. As mudanças que nós estamos fazendo em Fortaleza e que precisamos continuar a fazê-las elas requerem planejamento, determinação, vocação e obstinação para oferecer o que há de melhor.

O. E. | Na CMFOR, a maior bancada é do PDT. Em uma eventual reeleição e se o PDT perder força dentro da Câmara, o senhor tem a tranquilidade de que conseguirá, independente dos partidos eleitos, para aprovar os seus projetos para a Cidade?
J. S. | Primeiro, eu acho que o PDT não vai perder força. O PDT elegeu na eleição passada dez vereadores. Nessa eleição, vamos eleger 14 vereadores e vereadoras. Eu acho que a bancada do PDT vai aumentar. E a bancada que dá sustentação, a nossa meta é fazer 30 vereadores. Nós vamos fazer os 30 vereadores, e eu não tenho dúvida de que a bancada do PDT será a maior da história na Câmara de Fortaleza.

O. E. | O jornal O Estado levanta há 20 anos a bandeira da adoção, para dar celeridade aos processos judiciais, porque lugar de criança não é em casa de acolhimento. É com uma família. O que a Prefeitura tem feito na área da infância, para proteger as crianças mais vulneráveis?
J. S. | Na primeira infância nós temos uma secretaria que faz política pública para a primeira infância. Temos uma rede intersetorial de educação, saúde, direitos humanos. Temos inclusive um programa de proteção alimentar com proteção de renda, que a gente dá um cartão para as crianças que estão em situação de vulnerabilidade social, e é uma política que é muito cara para nós, tanto para a rede de saúde, quanto de educação, quanto assistencial, e que temos feito várias ações no sentido de melhorar isso.

O. E. | Muitos investimentos requerem dinheiro, e muito dinheiro requer empréstimos muitas vezes. O que o senhor está contratando vai ser pago pela próxima gestão? Vai dar para liquidar tranquilo? Fortaleza não vai se endividar?
J. S. | Vai sim. Toda operação de crédito que a gente conseguiu é para investir em benefício público, construindo escola de tempo integral, posto de saúde, escola areninha, infraestrutura viária. Em Fortaleza, não temos uma escola parada. Todas as escolas com que eu me comprometi vamos entregar. Estamos reformando todo parque escolar. E olha que Fortaleza ainda tem uma enorme capacidade de captação de recursos. Só não capta mais porque os organismos financeiros têm que dar para outras pessoas. Todos os organismos financeiros, nacionais e internacionais, querem fazer operações com Fortaleza, que paga em dia, executa todos os projetos até antes do tempo. Pode ter certeza absoluta que é o maior orçamento. Nós estamos com um orçamento previsto para agora de 2024 de R$16 bilhões. Fortaleza é a maior economia do Nordeste, não tem obra parada, paga em dia, servidor em dia, 13º em dia, nenhum fornecedor atrasado. Todas as nossas obras estão em andamento.

O. E. | Por que o senhor quer continuar na administração de Fortaleza?
J. S. | Primeiro, dizer que Fortaleza, essa mudança, começou essa mudança na Cidade, na vida das pessoas, na economia. Eu vou construir 12 UPAs em todas as regionais 24 horas para atender a população. Eu vou aumentar o efetivo da Guarda, capacitar e armar para dar mais segurança à população, universalizar todo o tempo integral. Nossas crianças vão estudar o dia todo, estar na escola. Vamos criar o programa de renda mínima básica de R$300 por mês para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade e que vivem ainda abaixo da linha da pobreza. Vamos duplicar o programa de infraestrutura e saneamento da periferia, com o pró-infra. Esses projetos já realizamos, de cinco, três já realizamos. E esses três a gente vai ampliar o orçamento que vai ser utilizado neles todos.

O. E. | Só mais uma pergunta, prefeito. O que o senhor faria de outro jeito se começasse a Prefeitura agora ou vai fazer se se reeleger? Um ponto crítico.
J. S. | Um ponto crítico… Eu diria que nós tivemos dois anos de pandemia que dificultou a convivência das pessoas aqui. Eu sou sincero. Na verdade, tenho dedicado o melhor do meu esforço, talento, a melhor equipe de secretários e secretárias do Brasil… Eu faria muita pouca coisa de diferente. Por exemplo: nós estabelecemos o Passe Livre Estudantil, uma conquista histórica da comunidade estudantil. Muita gente prometia, se comprometia. Eu me lembro que a meia estudantil era bandeira de muita gente que se elegeu vereador, deputado estadual, federal, e nós implantamos o Passe Livre Estudantil, que hoje já tem dez milhões de viagens realizadas. Estou entregando remédio em casa. Então, eu acho que faria tudo de novo do mesmo jeito.

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