Depois de ser informado oficialmente que seu registro de candidatura a prefeito de Fortaleza foi indeferido pelo juiz eleitoral Luiz Evaldo Gonçalves Leite, Sílvio Frota (PAN) iniciou mais uma disputa, só que para ocupar cadeira na Assembléia Legislativa. E judicialmente, ele solicitou, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao lado do PAN e do PP, que o deputado Dr. Washington (antes PAN; depois PP; e hoje PRB) perca seu mandato como parlamentar porque se desligou do Partido Progressista depois que a lei da infidelidade partidária começou a vigorar, no dia 27/07/08.
Frota afirma que Washington foi eleito deputado pelo Partido dos Aposentados da Nação, migrou, antes de 27/07, para o Partido Progressista e, depois da oficialização da lei, transferiu-se para o Partido Republicano Brasileiro. Por conta disso, Sílvio quer a destituição do parlamentar para que ele próprio, terceiro suplente do PAN, assuma o posto no Parlamento. Vanderlei Farias Pedrosa (PT) e Francisco Valdete Vasconcelos Araújo (PDT), primeiro e segundo suplentes, respectivamente, que deveriam tomar posse, também são acusados por Frota de serem infiéis de legenda.
Segundo Sílvio, quando saiu do PP para o PRB, Washington falsificou uma ata para justificar o desligamento alegando perseguição. No documento, datado de 12/11/2007, consta a assinatura do presidente estadual da legenda, deputado Padre Zé Linhares, que é acusado por Frota de ser conivente com a fraude. Motivo: conforme Sílvio, no dia em que a ata foi assinada, o religioso-político participava de sessão extraordinária na Câmara Federal, em Brasília. "Se essa ata não for falsificada, o deputado, pelo fato de ser padre, pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ele tem que ser canonizado então", ataca.
O ainda prefeiturável reclama que, se Washington e os dois suplentes não perderem a vaga na Assembléia, a Justiça Eleitoral abre um precedente para que a lei que pune a infidelidade não seja cumprida. Contudo, ele pondera que a ata não foi aceita como justificativa e que isso reforça a cassação do parlamentar e sua entrada no Legislativo.
Apesar da corrida em busca da vaga na Assembléia, Sílvio já adianta que, caso assuma o cargo de deputado, não vai deixar de defender sua postulação como candidato a prefeito da Capital. "O Adahil não está como deputado e candidato? Pois aí é que eu vou com força mesmo!", avisa. A redação tentou contato com Dr. Washington, mas até o fechamento desta edição ele estava com o celular pessoal desligado.
» Candidatura a prefeito. Com sua postulação em análise no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Sílvio Frota garante que não desiste de ir às urnas como opção do eleitorado ao cargo de chefe do municipal. E ele se utiliza de artifícios legais para fazê-lo. Com o artigo 16 da Lei no 22.718 em mãos, o postulante diz que vai continuar com suas atividades de campanha, porque isso lhe é permitido. Segundo o texto, "o candidato cujo registro esteja subjudice poderá efetuar todos os atos relativos à sua campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito para sua propaganda, no rádio e na televisão".
Frota corre o risco de não concorrer no pleito desse ano, porque seu partido foi incorporado ao PTB, que hoje apóia Patrícia Saboya (PDT) numa coligação com o PSDB. Mas ele também contesta essa fusão dizendo que, a exemplo do que supostamente Washington fez, a ata foi forjada. "Lá, consta minha assinatura, mas eu não assinei nada", rebate.
Foto: Banco de Dados AL/CE