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Emoção e amor que transbordam

“Quando eu coloquei o meu filho no colo, senti uma emoção e um amor que transbordou naquele momento. Fiquei sem palavras”. Foram essas as palavras da técnica de laboratório de 41 anos, Glairta de Souza Costa, ao falar sobre o que o coração de mãe sentiu, ao pegar no colo pela primeira vez o filho, Matias, então com sete meses de vida.

Foto: Luís Carlos Moreira


A história da adoção do Matias pela Glairta e seu esposo, o analista de custos de 39 anos, Thiago Vasconcelos Ribeiro, é daquelas que aquece o coração e tem o poder de impulsionar a fé e a crença de que tudo na vida sempre pode ser melhor do que se possa sonhar ou idealizar.

Se tinha uma convicção na vida dela era sobre a maternidade. Aos 37 anos, resolvida financeira e profissionalmente, essa vocação aflorou-se de forma ainda mais intensa, mas morava sozinha e não tinha uma companhia que a ajudasse a cuidar de uma criança. O receio era grande. Mesmo assim, a certeza de ser mãe já batia à porta e no coração.

O ano era 2018 e, certa da decisão, foi ao Fórum Clóvis Beviláqua e entregou a documentação no setor de Cadastro. Glairta fez o curso psicossocial e jurídico, etapa necessária para a habilitação, e participou de todo o processo até ser inserida, sozinha, no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). Pronto. Agora era só esperar uma criança ser vinculada ao perfil que ela escolheu naquele momento. O medo de criar uma criança sozinha era constante, mas o amor e a certeza daquela decisão eram bem maiores.
O tempo passou e a vida caprichou um pouco no sonho da Glairta. Dois anos depois, o destino colocou em seu caminho o Thiago. De pronto, manifestou ao companheiro a decisão de adotar e contou que estava habilitada para isso. Os dois casaram-se em dezembro de 2021, e ele aceitou embarcar no sonho da esposa: habilitou-se como esposo dela no SNA e ambos passaram a vivenciar a paternidade e a maternidade, esperando o filho do coração que logo viria: Matias.

CHEGADA DE MATIAS
Em 7 de fevereiro deste ano, após quase cinco anos na fila da adoção, uma mensagem no celular enviada pelo Setor de Cadastro do Fórum Clóvis Beviláqua mexeu com o coração do casal. No início, ela sequer entendeu do que se tratava, mas depois, ao ler novamente, viu que havia uma criança de sete meses que estava na Casa de Jeremias e havia sido vinculada ao seu perfil.

Era Matias, um menino pardo, prematuro e com paralisia cerebral e outras questões de saúde a serem investigadas, pois havia ficado por dois meses em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, após nascer com complicações. A emoção tomou conta de ambos. “No dia 14 de fevereiro, tivemos a primeira visita. Estávamos ansiosos. Ele chegou nos braços da cuidadora e com olhar perdido. Coloquei meu filho no colo e uma emoção e um amor transbordaram naquele momento. Ficamos sem palavras. Depois, passamos a visitar o Matias todos os dias. Fomos nos enchendo de amor e muita certeza de que ele era o nosso filho e não tinha outra decisão a tomar, que não ter ele em nossas vidas”, contou Glairta.

Durante as visitas, o casal levou Matias a consultas e passou a acompanhar de perto a avaliação de saúde dele. No dia 3 de março, os dois puderam, enfim, levar o filho para o novo lar. Matias, que chegou à Casa de Jeremias, por meio do instituto da Entrega Legal, que é quando a criança é entregue de forma voluntária pela mãe à adoção, estava pronto para escrever uma nova história ao lado dos pais, após cinco meses institucionalizado.

Após as consultas, Glairta e Thiago descobriram que além da paralisia Matias possui perda auditiva severa. “Chegaram a perguntar se eu queria desistir do meu filho. Quem é que devolve um filho? É claro que jamais pensei nisso. Com todas essas questões, o Matias foi naquele momento um bebê que nos encheu de amor. Nos assustamos com o diagnóstico dele, mas se fosse mãe biológica não seria diferente”, relata.

EVOLUÇÃO EM FAMÍLIA
Matias é um menino amado por toda a família dos pais. É aceito pelos primos e segue em plena evolução física e psicológica. Se antes ele não sentava, hoje já consegue. Boceja palavras, sorri, ao ver a mãe chegar perto do berço e ensaia bater palminhas. Tudo isso porque não é novidade: o amor constrói, muda e evolui as pessoas.

A vida é, hoje, mais feliz para o casal com a chegada do filho. “É um amor inexplicável, que vai evoluindo a cada dia. Saber que o amor que estamos dando têm tido um efeito enorme para ele e para nós me faz muito mais feliz. Meu filho é alegre, está feliz e é um bebe maravilhoso para cuidar. Hoje somos só gratidão, principalmente, pelo milagre da vida dele e por estar em nossas vidas”, disse Glairta, que reitera: “aos meus olhos ele é uma criança saudável. Vejo um milagre da vida. Tenho o privilégio de estar em licença maternidade e me vejo verdadeiramente mergulhada na sensação que a maternidade tem trazido para o meu coração. Todo dia, penso em cuidar, aprender, ver a evolução e vivenciar esse amor. Tenho tido dias muito intensos”, disse uma mãe mais do que feliz.

Nova etapa
Hoje, dia 25 de maio, Dia Nacional da Adoção, Glairta, Thiago e Matias darão um passo ainda mais importante em suas vidas. Eles irão receber, ao lado de outros pais, documento da 3ª Vara da Infância e Juventude do Fórum Clóvis Beviláqua, que permite aos pais irem ao cartório e registrar o menino como filho deles. “Será um momento mágico, de concretização do nosso sonho”, disse a mãe.

Por Crislei Cavalcante

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