O carro avança devagar. A mulher no banco do passageiro desce o vidro e pergunta pela localização de uma pousada. Francisco Evaldo Neto, 52, o Chico Assu, pensa alguns segundos e responde que não sabe.
“Agora é assim. Vivo aqui quase a vida toda, mas abre tanta coisa nova que não dou conta de conhecer tudo”, diz. Ainda criança, ele se mudou com a família para a praia de Icaraí, em Amontada (CE), a 180 km de Fortaleza. A vila de pescadores da cidade no Ceará era pequena e estava longe de viver do turismo.
Icaraizinho, como é chamada pelos cearenses, ainda é pequena, mas hoje tem pousadas e restaurantes de alto padrão e nos próximos anos deve ganhar resorts. O local recebe turistas, principalmente da capital do estado, que gostam de um lugar mais tranquilo do que outras praias mais badaladas da costa, como Canoa Quebrada, em Aracati, e Jericoacoara, em Jijoca de Jericoacoara.
“Os estrangeiros descobriram aqui faz tempo, por causa do kitesurf. Brasileiros mesmo nós recebemos mais pessoas do Ceará do que de outros estados, que acabam frequentando mais outras praias”, disse Chico Assu.
Ele é dono de um restaurante à beira-mar, a Casa Marujo, uma das mais antigas da vila e que hoje disputa clientes com restaurantes de chefs badalados que vendem pratos como peixe ao molho de camarão por R$ 145.
O kitesurf, esporte aquático que usa uma pipa (kite) e uma prancha, é praticado em todo o litoral cearense, por causa dos ventos da região –forte principalmente entre os meses de agosto e outubro, alta temporada no local.
No início dos anos 2000, Icaraizinho levou estrangeiros, principalmente franceses, a fixarem residência na região. Compraram terrenos primeiro para moradia, mas que hoje servem como casas de aluguel.