O TranscribeGlass é um dispositivo desenvolvido por um grupo de estudantes da Universidade de Stanford, liderado por Tom Pritski, bacharel em ciências e estudante de mestrado em biologia de informática biomédica. De acordo com informações do site do produto, esse dispositivo de tecnologia assistiva pode ser usado por deficientes auditivos, idosos e outras pessoas que desejam melhorar sua compreensão da comunicação falada usando legendas.
Uma das funções das tecnologias assistivas é trazer autonomia e inclusão para as pessoas com deficiência, explica Luciana Picanco Pereira, fonoaudióloga, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia (CREFONO) – 8° região. Para Luciana, esse recurso é um facilitador, porém, “talvez a única ressalva seja em relação uso deste recurso, há necessidade do surdo ser alfabetizado. Contudo, independentemente do recurso utilizado para melhorar a qualidade de vida da comunidade surda, deve ser fortalecido”, pontua a especialista.
A empreendedora Débora Kloch, 25, perdeu a audição quando tinha 1 ano e 4 meses por excesso de antibiótico. Ela aprendeu a falar aos 5 anos com ajuda dos pais e ao longo do tempo desenvolveu a leitura labial. Débora afirma que durante sua experiência trabalhando em empresas descobriu que tinha dificuldade de participar das reuniões, “eram tantas bocas para fazer leitura labial de uma vez só que eu me perdia facilmente no meio do assunto”, relata a empreendedora.
Débora conta que na pandemia, ela e a comunidade surda tiveram dificuldades, “a máscara impedia a gente de fazer leitura labial”. Débora relata que quando participava de reuniões online, usava o aplicativo Webcapitioner, que possui as mesmas funções de tradução em tempo real dos óculos recém inventados. Porém, segundo ela, este aplicativo deixará de existir em outubro, “foi uma grande surpresa para mim e para a comunidade surda”.
Débora explica que muitos aplicativos se tornaram caros, “teríamos que pagar 25 dólares por hora. Então, com certeza, se eu pegasse esses óculos, iria facilitar muito a minha vida, sem eu precisar correr para pegar o computador e abrir aplicativos”. Além disso, Débora confessa que tem dificuldade de interagir com crianças, “por serem muito agitados e brincalhões, é quase impossível fazer leitura labial. Já tenho essa preocupação de criar filhos no futuro, nesse caso os óculos facilitaria tudo”. “Também iria me facilitar tanta coisa, principalmente na missa, reuniões e conversas em grupo”, afirma Débora.
Joseilda Gomes, intérprete de LIBRAS, faz observações em relação a algumas limitações que podem haver com o uso dessa tecnologia por deficientes auditivos. Ela explica que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), tem uma estrutura gramatical diferente do português, “muitos surdos não compreendem nem mesmo simples frases. Mesmo com todo esse apoio para o surdo, ainda é complexo entender a língua portuguesa”. Dentro dessa realidade, Joseilda propõe que “se tivesse no lugar do texto um avatar sinalizando o que a outra pessoa está falando, seria a melhor solução”. Ela trabalhou por 5 anos na rede Municipal, Estadual e foi tutora do curso de Letras LIBRAS da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Como os óculos funciona
De acordo com informações do site TranscribeGlass, as legendas ocultas de uma variedade de fontes são projetadas no campo de visão do usuário quase em tempo real por meio de um dispositivo chamado heads-up display. Além disso, também há um aplicativo complementar móvel, TranscribeGlass, em execução no dispositivo móvel que se conecta à fonte de legenda selecionada e as envia para o heads-up display via Bluetooth. Essas legendas são sobrepostas à visão do usuário sobre o ambiente em tempo real.
